quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Abuelas ( y abuelos)

Infelizmente não guardo muitas histórias sobre a minha avó, mas tenho muito apreço pelas histórias dos meus amigos e pelo tempo que pude passar ao lado das suas avós ( e avôs).

Hoje encontrei esse filminho muuuuito legal com uma história muito boa. Espero que vcs gostem


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O flamingo e o coelho

Ao olhar pra baixo já se podia perceber: os rios estavam todos congelados. Ele voava, voava e voava... talvez com mais intensidade por querer se afastar daquilo, que mais lhe pareciam artérias coaguladas.

 " -Embora rios congelados não morram... ou seria como morrer e desmorrer logo mais?", disse em voz alta.

O coelho pensava/refletia enquanto voava. Suas asas recém adquiridas podiam lhe levar longe e lhe fazer voar alto. De qualquer maneira, depois de tanta distância, achou melhor se quedar no alto de uma montanha para um breve descanso.

[Barulho de pouso de coelho]
[Como os coelhos em geral não voam e não têm asas, imagine um ser bem estabanado tentando pousar]


O coelho pousa e se senta ao pé de uma árvore. Ouve um barulho ao longe de algo que caminha em sua direção. 


[Um flamingo...]
[ ... um flamingo vermelho, muito vermelho]


"
- Quem diria que te encontraria por aqui - disse o coelho."

"
- Não é?" - disse o flamingo. "- E vejo que agora você também tem asas!!"


[Risos]

[Os dois se abraçam, como velhos amigos que parecem ser]

"
- Péraí..." - diz o coelho


[O coelho cospe nos pés do flamingo]
[O flamingo, ri desenfradamente]
[Passam-se alguns longos segundos-quase minuto  - em pleno riso]


"
- Ai ai...pelo visto você não mudou nada. Bem sabe que o seu cuspe me queima a pele."

" Ihhh é... me desculpe, " diz o coelho.

" - Que é isso, Eu até gosto. Soubesse eu cuspir sairia cuspindo em todo mundo que vejo lá embaixo enquanto vôo."


[Os dois riem novamente]
[...como antes, por alguns bons segundos-quase-minuto(s)]


"-Entããão... até mais!! ...", diz o coelho

"-Inté", diz o flamingo

O coelho sai em vôo - estabanadamente, como quando do pouso - enquanto o flamingo o observa de longe até que ele suma de sua vista. O flamingo s
uspira... olha os arredores, olha pra copa das árvores e todos os seus verdes ... olha o céu azul com suas poucas nuvens... e diz em voz alta: 

"- Acho que vou à pé" 

E segue andando calmamente por uma trilha no meio da mata.



sábado, 19 de janeiro de 2013

Mar sem fim e isótopos de saudade

Toda vez que eu viajo pro Brasil eu venho aqui e posto algo. Dessa vez não havia nada muito "relevante" para ser dito: sempre é aquela dor de ir sozinho pro aeroporto e ficar lá na sala de embarque com meus isótopos de saudade com meia vida infinita...saudade que parece não arrefecer um palmo mesmo depois de mais uma visita.

Uma coisa que sempre me passa pela cabeça é "como foi que eu tive coragem de fazer isso"? Me admiro por ter vindo sem saber direito pra onde estava indo (só sabendo o nome de duas pessoas com as quais deveria falar: meu então orientador e a secretária do departamento de matemática).

Por estes dias uma amiga recomendou este documentário do Amyr Klink, do qual posto o trecho que acho mais incrível, que descreve muito bem oque se passa comigo quando penso no assunto.




Espero que vocês curtam =)

[postarei o link pro documentário nos comentários]

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Candelária - Terra Brasilis 2012/2013 - Rio de Janeiro




Esse desenho foi meio por acaso: havia ido ao centro do Rio pra ver uma exposição no CCBB - RJ. Cheguei cedo para não pegar a puta fila que sempre se formava quando me deparei com essa igreja ( da Candelária) que havia visto umas poucas vezes. Acho que dá pra imaginar o fim da história... fiquei lá, desenhando e perdi a exposição; oque era pra ter sido um desenho rápido me tomou quase uma hora... entrei numa "bolha " e qdo vi já era tarde: uma baita fila já tinha se formado.

Fiquei lá,  em frente a essa igreja que é históricamente bem emblemática pra nós brasileiros - na década de 90 houve um massacre de crianças de rua nas suas escadarias - pensando sobre essa chacina, sobre como a nossa sociedade rejeitexclui alguns de seus segmentos/grupos, sobre o papél da igreja católica e mais e mais coisas numa profusão de idéias e sensações meio estranha...acima de tudo, eu estava tentando focar no meu desenho... de quando em quando passava um morador de rua doidinho dizendo "legal...legal"  e fazendo um joinha pra mim  ( que eu respondia com um outro joinha, claro =), enquanto eu ficava lá, respirando aquele ar densespesso do verão carioca e rememorava toda essa história - nem um pouco legal - que a minha geração parece ter esquecido.

Foi um tanto desconfortável ficar ali: depois de um tempo eu estava meio fatigado/meio consumido por conta do desenho... aí desisti de continuá-lo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Terra Brasilis 2012/2013 - Rio de Janeiro ( "let it grow")




Como eu havia começado a dizer num dos posts anteriores... oque acreditava ser uma "red tree" era na verdade uma espécie de dandelion ( dente-de-leão). O desenhei ouvindo uma música linda do renaissance chamada "let it grow"



meio contrariado, por que até então parecia que as coisas estavam mais num clima "let it die" do que pra um "let it grow" : felizmente as coisas mudaram totalmente  de figura depois disso e o restante da estadia no Rio foi lindo =) 
Lutei bravamente pra dar uma idéia de movimento pr´os little dandelions (são como pétalas ou sementes, ou é algo meio fractal mesmo? ),  pensando então nos cabelos de uma mulher que corria contra o vento ou até num fluido se mexendo; neste caso - o ar se movendo ao redor da flor - procurei (possivelmente em vão hahaha) algo como oque os matemáticos/físicos/engenheiros chamam "von Karman vortex street". No entanto, a folha onde desenhei era muito pequena quando comparada às minhas muitas intenções: o desenho acabou por não mostrar nenhum desses aspectos... que, uma pena, ainda estão aqui, presos na minha mente e esperando por um outro desenho.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Terra Brasilis 2012/2013 - São Paulo (parte II)







Esse desenho é meio diferente dos demais (exceto pelo da "árvore vermelha"), pois não foi feito num estilo "contemplativo"; o fiz depois de interagir com  bêbados cantando num bar em uma noite meio-com-chuva-meio-sem-chuva numa esquina suja e um pouco escura dessa cidade de São Paulo. No começo eu estava bem reticente em estar ali, mas depois apertei o foda-se e comecei a cantar as músicas também ( as que eu sabia..que eram poucas), além de levar um "preta pretinha" no violão acompanhado daquele coro que, surpreendentemente, era bem afinado.

Não me represento no desenho, embora o devesse ter feito: me sentia uma ovelha no meio de lobos... talvez não seja bem essa a idéia, por que essa metáfora denotaria um quê de "pureza" no meio de algo impuro; não era o caso....acho que era mais um desconforto por estar ali e que, de uma certa maneira, deu uma amainada por conta da minha boa vontade.... não sem deixar de existir ( oque, acredito, seria impossível)... o contraste nos ensina muito... sair da zona de conforto pra sabermos quem somos, pra nos reafirmarmos, nos conhecermos melhor.  Esse foi um pequeno caso, mas foi interessante: cheguei em casa e, rindo sozinho, desenhei esses cachorros/lobos uivando/cantando no que poderia ser uma chuva , apesar dos poucos traços/gotas.



Terra Brasilis 2012/2013 - São Paulo (parte I)

Cada um desses desenhos tem uma história. Eu os fiz durante essas férias de dezembro 2012 - janeiro 2013  no Brasil. Esses, particularmente, em São Paulo, "my hometown".


Fiz isso enquanto esperava minha irmã no CCBB de São Paulo. O desenho foi em grande parte inspirado num livrinho do Shaun Tan chamado " The red tree". Mais adiante eu falo mais sobre isso



Sentei com a minha mãe no vale do Anhangabaú depois de um passeio pelo centro da cidade. Depois da viagem à Europa eu percebi que desenhar é muito desgastante pra quem está por perto, esperando. A paciência da minha mãe diante do meu silêncio foi algo realmente admirável... acho que só a felicidade em estarmos próximos já valia: nem precisávamos de muitas palavras ( embora eu tenha ficado incomodado por deixá-la à minha espera)

[Registro do comentário de amigos que viram o desenho: "-Ótimo desenho, rapaz! Você soube explorar muito bem São Paulo, por meio do pinguim na parte inferior central da
imagem... rsrsrs. Abraço! ]







Era pra ter sido um outro desenho, feito do alto do viaduto do chá, mas a chuva me pegou (nos pegou, na verdade - minha mãe mais uma vez estava ao meu lado) no começo de tudo. Ao me proteger da chuva acabei ficando perto do teatro municipal de São Paulo que é um prédio com uma arquitetura linda (se não me engano, foi fortemente inspirado num teatro na Europa). De onde estávamos eu conseguia ver esses anjos pegando chuva.

[A mão esquerda do anjo da esquerda - espero que isso não soe feio rsrs - foi realmente complicada: ele demonstra uma espécie de aversão/horro/negação a algo com a mão espalmada. Por sorte os traços sairam do jeito que eu queria]

[ Além disso, o mesmo anjo segura algo que de longe não dá pra ver direito: não sabia se era um adaga, uma faca, uma espada. Acho que vocês deveriam ir lá pra ver...]

[The part that was really beyond any drawing technique, perhaps the most beautiful one, was the rain falling gently and slowly in the square right in front of the theatre, while the angels were there, completely ignoring our worries, our umbrellas... ]

























Uma árvore liiiinda - uma figueira centenária - que fica atrás da Pinacoteca do Estado, na região da Estação da Luz. O parque é lindo, apesar da intensa deterioração que os arredores passaram por décadas ( no entanto, me parece que as coisas estão progredindo um pouco... talvez não muito no aspecto social, infelizmente). A árvore é tão imponente e bonita que sentar debaixo dos seus galhos traz uma paz muito grande. Ao que me lembre, dizem que foi debaixo de uma dessas que Buddha encontrou a iluminação - com um monte de meditação, claro =)

Logo depois disso começou uma puta chuva e eu resolvi entrar na Pinacoteca.


[Registro do comentário de amigos que viram o desenho:" -  tem um cachorro pulando da arvore na cabeça do cara sentado "]



Tentei registrar um pedaço de um chafariz que a Niki - uma artista francesa - fez pra pinacoteca. Como havia muita gente por perto e o objetivo do desenho não era retratar a fonte/chafariz, acabei por o deixar incompleto. 
Neste ponto a chuva havia dado um arrefecida: já dava pra voltar pra casa.