quinta-feira, 16 de junho de 2011

Oh! What a knight!! - uma breve análise espectralosófica do "interesse feminino"

O post de hoje é ..como dizem mesmo.... não é extravagante a palavra.... bom, esqueci. Vou começar a escrever e vcs logo vão perceber que o post é isso mesmo que eu não me lembro que ele é (lembrar oque ele é eu lembro, só não lembro a palavra!). Talvez fique tão óbvio, mas tãããão óbvio que ele é isso que alguém vai escrever nos comentários
" -Rafaello, é a palavra xxxxx!",
 e eu vou agradecer com o costumeiro..bom, deixa pra lá.

Temporada no Brasil perturbadoramente cheia de tudo: perrengues, cair de moto, ver amigos, não ver amigos, beber cerveja, suco de laranja de poá... tudo, mas tudo que foi possível e impossível. E também tem aquelas coisas que são sempre parecidas, senão iguais;  um dos assunto mais falado nas mesas de bar que só têm homens: mulheres e o mengão. Peguei uns colegas no pulo, dizendo que as mulheres que eles conheciam eram, na grande maioria, interesseiras.

Hummmm ... será mesmo? Me fiz essa pergunta assoladora, pra qual ainda não tenho resposta


[tomara que as poucas mulheres que lêem o blog respondam isso]
[ou deixem seu parecer]


Oque mais pode doer num homem: ser rejeitado por uma mulher por que ela quer alguém com carro, helicóptero whatever, ou ele não ter isso para oferecer? Lembro que a gente tinha que ler Senhora, do José de Alencar, na época da escola. Claro, todo mundo esperava sexo no fim das contas, mas o sexo nunca vinha, mesmo quando parecia que ia acontecer.... todo mundo muito travado, interesse pra tudo que é lado. Sexo que é bom..never (só no fim do livro =)!!!

Nunca tinha pensado nisso dessa forma, por que talvez nunca tenha tido porque pensar assim: não tenho amigas que pensam dessa forma (ao menos não professam isso), nunca me envolvi com mulheres com algum interesse material ... ainda mais pq, certamente, elas devem ter se ligado de cara que eu não tinha nada =)

Não conheço homens interesseiros. Na verdade, deve existir, mas de uma maneira diferente.... sinceramente, não sei oque pensar. Acho que tudo é fruto de muitas e muitas gerações de mulheres e homens que tinham que dar dote, casar virgem e com um homem que pudesse sustentar uma família sozinho (já que, há não mto tempo atrás, poucas mulheres trabalhavam). Oque sobe muito à cabeça dos homens é ter para mostrar que tem: ter um PhD pra dizer que tem, ter um carro pra mostrar que tem e poder balançar a chave, ter uma mulher gostosa pra mostrar pros outros.... ter, ter e ter. Sociedade mais imagem/menos conteúdo, da posse. Valores que são antigos e arcaicos, resquícios de uma sociedade machista que eu realmente gostaria que não existissem mais.

Como sempre, um filminho ilustrativo da nossa ignorância e do quanto a gente desconhece nossos semelhantes; escolha árdua, inspirada por Foucault,  Heisenberg e muito heavy metal =P



Enjoy


ps: puts... a palavra é bem próxima de "emblemático", "perturbador", "agitador", algo que lembre "tabu"..... =/

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Despedindo-me do Brasil

     Um mês de Brasil.
     Um mês me sentindo uma espécie de peixe fora d´água.
     Rio de Janeiro divisor de águas.

     Minha casa, meu último refúgio antes do "ostracismo", a cidade me rejeitou por alguns dias antes que eu percebesse que o lugar não mais me pertencia. Essa clareza-agudeza nos sentidos, vazio dentro do peito, foi algo bom... a certza de que algumas coisas na vida são passageiras, enquanto outras são profundas. E estas vão escondidas dentro das malas onde quer que se vá: há relatos de casos em que elas ficam dentro/quase-dentro de você.

Eu não tenho casa, oque é meu eu levo comigo.... oque é deles que eu nunca toco, que cidade é a minha, que amigos são teus, que saudade é tua, que abraço  é o meu, que amor é o nosso. Tudo isso veio à tona. Andar de moto pelo Rio na primeira manhã, ver as esquinas passando rápido e ver destroços-raízes de uma árvore gigante que algum dia esteve plantada; raízes adentrando aquele solo, aquelas pessoas, aqueles prédios... não senti isso em São Paulo: já havia me despedido desta cidade há três anos e meio atrás...

Lembrei da minha partida, há um ano atrás. Encontrei neste trecho uma descrição da sensação; se adequa mais à primeira vez que fui, embora considere válido rememorar a experiência, já que este final de férias me deixa com este gosto na boca.

     Um medo que não pude dividir com ninguém. Embora todos estivessem ao redor, nunca me senti tão só, nunca! Estava caminhando em direção oposta e desconhecida, indo contra a corrente, desafiando os que duvidavam e me afastando dos poucos que acreditavam.
     Passando meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão. Um estado interior que não depende da distância nem do isolamento, um vazio que invade as pessoas e que a simples companhia ou presença humana não podem preencher, solidão foi a única coisa que eu não senti, depois de partir. Nunca. em momento algum. Estava,sim, atacado de uma voraz saudade. De tudo e de todos, de coisas e pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade às vezes faz bem ao coração. Valoriza os sentimentos , acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá solidão;  poderá morrer de saudades, mas não estará só.


Amir Klink  - Cem dias entre o céu e o mar 

Vi menos amigos do que gostaria, fiquei um nada com os poucos que vi e  deixei de ver gente que, nas CNTP, nunca deixaria de ver... Essa é a única tristeza que levo. Não é a tristeza de deixar algo pra trás: esse "algo" não existe mais. Deixo pessoas importantes; estas ficam, e espero voltar em breve para poder vê-las de novo....e ver as que não consegui ver agora

O melhor em voltar é sentir que tem um monte de gente que sempre te recebe de braços abertos; vcs vão sentar em qqr lugar e conversar a conversa de ontem, mesmo que esse ontem tenha sido há alguns tantos meses atrás.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Cogumelos na cidade: finalmente,a origem do nome do blog - última parte

     
Bom, pessoal... hoje acaba a história do Marcovaldo (continuando este post) ; este é só o primeiro conto do livro...recomendo o livro inteiro, que é muito bom. O conto é todo cheio de imagens, de personagens que são bem presentes no nosso dia-a-dia: o cara com espírito fflch, o varredor, o próprio Marcovaldo... espero que vocês tenham curtido.
     Era sábado; e Marcovaldo passou a parte do dia dando voltas com ar distraído perto do canteiro, controlando de longe o varredor e os cogumelos, e calculando quanto tempos seria necessário para que crescessem.
     Choveu à noite: como os camponeses que, depois de meses de seca,acordam e pulam de alegria ao rumor das primeiras gotas, Marcovaldo, o único em toda a cidade , sentou-se na cama, chamou a família.
     - Chove, chove! - e respirou o cheiro de poeira molhada e mofo fresco que vinha da rua.         
     Ao amanhecer -era domingo - , com as crianças e um cesto emprestado, saiu correndo para o canteiro. Os cogumelos estavam lá, empinados em seus talos, com os chapéus altos sobre a terra ainda encharcada. " Viva!", e começaram a colhê-los.
      - Papai! Veja aquele senhor ali, quantos ele apanhou!  - disse Michelino, e o pai, erguendo a cabeça, viu, em pé ao lado deles, Amadigi também com um cesto cheio de cogumelos debaixo do braço.
     - Ah, vocês também estão colhendo? - falou o varredor. -Quer dizer que são bons pra comer? Catei um pouco, mas não sabia se dava pra confiar.... Na avenida, ali na frente, nasceram maiores ainda...Bem, agora que já sei,aviso aos meus parentes que estão lá discutindo se convém colhê-los ou deixá-los... - E se afastou com largas passadas.
     Marcovaldo perdeu a fala:cogumelos ainda maiorores, em que ele não reparara, uma colheita inesperada, que lhe era arrancada assim sem mais nem menos, debaixo do seu nariz. Permaneceu um momento quase petrificado pela raiva, pela fúria, depois - como às vezes acontece - o refreamento daquelas paixões individuais se transformou num impulso generoso. Àquela hora, muita gente estava esperando o bonde, com o guarda chuva pendurado no braço, pois o tempo continuava úmido e incerto.
     - Ei,vocês aí! Querem preparar uma fritada de cogumelos hoje ànoite? - gritou Marcovaldo ao grupo que se amontoava na parada. - Cresceram cogumelos aqui na rua! Venham comigo! Tem pra todo mundo! - E saiu na cola de Amadigi, seguido por uma comitiva.
ainda encontraram cogumelos para todos e, na falta de cestos,usaram os guarda-chuvas abertos. Alguém comentou: " Seria bom almoçarmos todos juntos!" Mas cada um pegou a sua parte e foi pra casa.
     Porém não demoraram a se reencontrar, ou melhor, foi na mesma noite, no mesmo setor do hospital, depois da lavagem estomacal que os salvou do envenenamento: nada de grave, porque a quantidade de cogumelos que cada um ingeriu foi bem pouca.
     Marcovaldo e Amadigi estavam em camas vizinhas e se olharam enviesado.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Observações sobre a peste - fragmento de um fim de semana no Rio de Janeiro

Os últimos acontecimentos me trouxeram à  lembrança este texto, do Charles Bukowski:
Peste (do fr. peste, do lat. pestis, “calamidade, flagelo”). S. f. (derivados: pestífero, pestilência): mesma raiz de perdo, destruir (PERDIÇÃO). Doença contagiosa grave, epidemia, pestilência; qualquer coisa nociva, funesta, perniciosa; uma pessoa má ou insuportável.


A peste, em certo sentido, é uma criatura muito superior a nós: sabe onde e como encontrar a gente – em geral no banho, ou durante uma relação sexual ou dormindo. Também tem o dom de nos pegar em flagrante, bem na metade de um movimento intestinal. Se estiver diante da porta de entrada, você pode gritar, “Puta merda, peraí, que porra, espera um pouco!” que o som da voz humana em agonia apenas serve pra afiar as garras da peste – a batida, o toque de campainha ficam mais insistentes. A peste, quase sempre, bate na porta e toca a campainha. A gente tem que deixar que entre. E quando vai-se embora – afinal – você fica doente, de cama, por uma semana. A peste não só dá mijada na alma dos outros – também é bamba em deixar aquele mijo amarelo na tampa da privada. O que fica ali mal dá pra se enxergar. A gente só percebe que está lá quando se senta, e aí já é tarde demais.

Ao contrário da gente, a peste está sempre pronta a matar o tempo e tem opiniões diametralmente opostas às nossas, mas nunca se dá conta disso, pois não pára de falar e mesmo quando surge uma oportunidade pra discordar, a peste não presta atenção. Jamais escuta o que a gente fala. Interpreta como mera interrupção e continua o que estava dizendo. E a todas essas fica-se perguntando como foi que o desgraçado conseguiu se intrometer na nossa alma. A peste também sabe o horário em que se acostuma dormir e há de telefonar sempre no meio do nosso sono – e a primeira pergunta, infalível, será “Te acordei?” – ou então virá bater na nossa casa e, mesmo vendo todas as persianas fechadas, bate e toca a campainha, de qualquer maneira, feito doido, como se estivesse em orgasmo. Se não se atende, ele berra: “Eu sei que você está aí dentro! Já vi teu carro aqui fora!”


.... é galera...minha visita ao Rio foi nesse nível. Fiquei doente, nariz escorrendo - bem sexy , rinite, sinusite, piriri no aeroporto. Acabou que nem saí no fim de semana. Fui vítima da peste. 
Alguém me proteja!!! 
Todos se protejam!!! 
Escondam-se debaixo das camas, 
e não se esqueçam de levar cobertores, para ficar ( ainda mais) escondido debaixo deles!!!