sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Fragmentos de sabonete

É e sempre será foda, foda mesmo, falar sobre alguns pontos esdrúxulos na nossa vida. A minha tem alguns e a sua, caríssimo(a) leitor(a), deve ter também. E NÃO ADIANTA INVENTAR UMA DESCULPA(!), por que eu sei que tem, aaahhh se tem!!!

Bom, começando a sessão online da nossa terapia em grupo, eu serei o primeiro a me expor e dizer aqui sobre uma coisa muito estranha que que rola comigo... tá, nem é tão..ok..já conto. Me lembrei disso por estes dias, enquanto eu lia um livro do Jorge Mautner ("Fragmentos de sabonete", que também pode ser encontrado na antologia "Mitologia do Kaos", no volume 2)..  que por sinal, é muuuuito bom. Este blog fala um pouco dele tbm

Aqui vai o trecho que me sucitou as lembranças que falei


[mistério ]
[=P]

"
    Há um sabonete na esquina do mundo, um sabonete muito sozinho, derretendo-se, um sabonete virando água por causa do calor, na esquina da Rua 42.

     Eu comprei um sabonete e coloquei no banheiro. Ele é verde e tem muita clorofila. Gosto dele, ele esfrega-se no meu corpo e a sua espuma é abundante.


     Às vezes, dá vontade de comer o sabonete. Acho que isto é uma espécie de amor, amor, amor desenvolvido em sociedade de consumo ultra-industrial. Mas chega de explicações! Amor é cego! Amo este sabonete e pronto! Que bom que ele vem em série, em super-produção. Assim, há milhões de sabonetes. Como se vê, o inconveniente da individualidade não existe, outra maravilha destes tempos de produção industrial eletrônica.


     A descentralização atinge o cerne da alma e ela reage, explodindo em todas as direções com alegria satânica, reprimida por séculos de monoteísmo espiritual, fruto da escassez. Hoje, saúdo como num circo romano, com pose ateniense, a chegada do hedonismo libertário, que chega acommpanhado de ninfas e por um cortejo de diáfanos rapazes de pele queimada, todos cobertos por coroas de louros "





Ele devia estar muuuito louco quando escreveu isso! Mas continuemos 


[intervenção idiota]
[alguém tinha que fazer isso pra quebrar esse clima de elevador]
[tá meio frio hoje, não =) ]
[e o mengão ontem? hahaha]


"
     O sabonete é um produto perfumado do reino dos sonhos e dos marajás da Índia e dos loucos do deserto.

    Quero também fazer uma declaração de amor para a coca-cola, que é um tubo vermelho, uma lata maravilhosa, um suco do paraíso, que está sendo atualmente a bebida preferida de todos os deuses do Olimpo e dos deuses de todos os vudus, da África, do Caribe e do Brasil. "



...
"
   Continua o meu deslumbramento pelos sabonetes verdes e pela coca-cola. E, de um outro ângulo, pela matéria plástica, que, como um imenso tapete mágico, cobre todos os países


    A polícia chega aos lugares rapidamente, os sabonetes estão empilhados em enormes caixas, dormindo, esperando que alguém os use sensualmente no corpo. As coca-colas sabem  que serão bebidas. E a matéria plástica multiplica-se. "

Li isso e na hora me lembrei de que, quando eu era pequeno, eu gostava muito, mas muito mesmo de comer sabonetes. Minha mãe me conta das vezes que ela me deixava tomando banho sozinho e quando voltava o sabonete estava com aquela marcona de dentes e eu com a boca cheia =)  O engraçado é que eu, até hoje, ainda acho os sabonetes (não qqr sabonete!!! Eu não vou na casa dos outros e fico lambendo o sabonete alheio no banheiro, ou sabonete com pentelho...não!! Pára! )..voltando ..até me perdi, pqp! Isso era algo que nem precisava ser explicado!!

... então, até hoje eu ainda acho sabonete, assim que ele sai da caixa, algo muito tentador. O cheiro, sei lá... o cheiro parece acompanhar o gosto, e acho que meu cérebro não é muito desenvolvido pra captar que há coisas que não devem ser comidas, apesar do bom cheiro... aí eu fico tentadíssimo a dar aquela abocanhada no sabonete. Mas não o faço!! =|

Puts...talvez isso ainda me custe um aterapia depois de velho... ou eu, quando a senilidade chegar, vire um velho pervertido e de gostos duvidosos, que fura a bola dos meninos que jogam bola na rua quando ela cai no quintal e que morde os sabonetes que estão no lavabo quando visita a casa dos filhos (e os netos ficam tirando onda e rindo..criançada fdp =) Mas veja o lado interessante da história toda: eu assumo, isso mesmo eu assumo, essa minha estranheza. E mais: acredito que todos nós temos um milhão de vontades escondidas dentro de nós, mas que são proibidas de pularem fora da gente (como um pop-up!) para se mostrar somente por que a sociedade nos poda e nos diz " isso é feio", " se vc fizer isso de novo você vai levar um tapa" etc.. E isso é algo que se vê por aí: é bem comum crianças serem preconceituosas (com cor, etnia etc) , mesmo que seus pais não o sejam (isso foi uma matéria na folha de são paulo há um ano ou mais).  Eu, no fundo no fundo, sou um comedor de sabonetes nato; e esse desejo louco, insensato, ainda existe dentro de mim e me corrói (exagero haha). No entanto,  o que a sociedade iria dizer se eu fizesse isso?(!) Eu estaria ferrado! Alguém me internaria!!


Isso mesmo: a sociedade nos coage e proíbe de fazermos-alcançarmos os prazeres que vivem lá dentro no fundo da gente, o que nos leva à infelicidade, terapias, remédios tarja-preta, óculos de sol em dia de chuva, andar de ryder com meia, essas coisas

pronto!!! Uffa!!! Sessão terminada!! Posso ir pra casa e dar um abraço na caixa de omo que comprei ontem. Tenho amor pra dar e vender pra toda a sessão de produtos de limpeza =P


ps: é mentira a última frase, viu? O meu negócio é com os sabonetes mesmo

A verdade sobre o carnaval acima da linha do Equador

Hoje durante a aula a galera começou a me questionar sobre o Brasil, onde eu estudei e tal...eu, um bicho exótico e estranho (só faltava a galera me cutucar com um pedaço de pau, sei lá)

Aí uma doida virou e falou que também morava no "Brazil", que fica há uma hora daqui, ao sul...uma cidade de uns 8 mil habitantes

Rolou a pergunta basica que não quer calar e que eu, no alto da minha sobriedade, tinha que fazer:

"what about the carnival...do you have something like that?"




 porra, fiquei curioso!!!! Será que eles têm???!!

Ela disse que sim, e que no carnaval deles eles


" instalam um parque de diversões no meio da cidade, com algodão doce, montanha russa etc"

... acho que minha cara de tristeza e desaprovação diante da descrição dela foi evidente





=)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Matemática pop - isso acontece de quando em vez =)

Bom, dessa vezfoi na Espanha... virando assunto de um daqueles programas vespertinos de fofoca

Acho que todos vão entender...




...basta usar todo o portunhol que existe dentro de usted

=P

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ostracismo

Hoje eu realmente estava meio mal....tava todo jururu, precisava falar com alguém. Mas falar de verdade (!), se expressando mesmo (ou seja, em português). Pensei em ligar pra casa, mas aí minha mãe ia ficar toda mau (é com éle ou com u? ) que eu desencanei. Resolvi ligar pra um amigo no Brasil:

tuuuuuu.........
tuuuuuu.........

[demora]

tuuuuuu.........

[ninguém em casa]

até que desisti.


Tentei um outro... mesma novela.

Que porra...não bastasse o ostracismo cultural, agora nem com os amigos consigo falar!!


aí fiquei pensando naquela galera que era obrigada a sair do país na época da ditadura. É uma dor sofrida demais não poder voltar pra casa... acho que aquilo devia ser muito, mas muuuuito doloroso (principalmente pra quem tinha família: esposa, filhos...)

Bom... acabou o drama.
Vou dormir.
Amanhã tá tudo bom de novo
(só faltava um sol lá fora =)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Das profundezas da minha alienação

Caramba, e eu só fui saber agora.

Mais uma vez as páginas dos jornais americanos estampam um cara que comprou uma arma numa loja de shopping e saiu atirando em um monte de gente. Tristeza (mais ainda por ter que usar esse monte de artigos indefinidos na frase anterior, de tão usual que isso anda sendo:"....um cara .... uma arma numa loja ....um monte de gente") . Acho que foi uma das coisas que me assustou aqui logo que eu cheguei: fui no pirocas sports, e a havia uma sessão de armas de caça, espingardas... Passei longe, de tão assustado que estava. O primeiro brasileiro na lua: cidade estranha com gente mais estranha ainda, com uns hábitos esquisitos.

Não sei por que essas coisas acontecem, ou se elas sempre aconteceram, só nós que nos chocamos cada vez mais com isso. Me lembro que quando rolou uma coisa do tipo na avenida paulista, não com tiros, mas com um cara que entrou numa livraria, tirou um taco de baseball e bateu na cabeça de um garoto que tinha uns 20 e tantos anos. Eu fiquei travado por me sentir vulnerável à tudo aquilo. E isso me deixava num desconforto tão grande que eu achei que estava virando neura já. Mas realmente, nós somos muito vulneráveis; essa é a natureza física do ser humano: talvez não sejamos mais do que seres dotados de (alguma ) consciência, vivendo dentro de um recipiente...bem na linha do que rola naquele desenho Futurama



..não passamos disso.

Uma vez alguém me disse que, por mais que a gente se fie no aspecto força e  resistência, todos nós somos frágeis: uma joaninha que fique de ponta cabeça (ponta cabeça da joaninha, digo... ou seria "casco pra baixo", ou mesmo "ponta casco" ?) , ou um elefante no qual cai uma taturana- daquelas que queimam - nas costas não pode fazer nada senão deixá-la ali, imagino. Ou uma árvore com um parasita.

Passaram-se alguns dias desde que escrevi isso quando, hoje pela manhã eu fui ler o jornal (believe it or not, I do it sometimes ) e encontrei este vídeo:

Fiquei muito muito triste com o que eu vi. O olhar de desespero do cara no carro que visita a família com as crianças no berço, as crianças se agredindo para poder pegar comida... mas, talvez acima de tudo, a perda da esperança: ninguém parece ver solução pro que acontece. O olhar de desespero e o choro contido do homem no carro foi algo muito doído de ver. Tudo foi muito doloroso. Me lembro do pai de um amigo, que esteve no Haiti com o exército há alguns anos (quando do golpe militar e deposição do antigo presidente): as tardes em que nós conversávamos e ele descrevia as condições do país já me eram extremamente chocantes e desesperadoras.  Se pararmos então pra ver a sociedade  como um corpo -como um organismo, pra ser mais exato-  vemos que ela também é passível de toda essa  fragilidade genérica que eu citei acima. 

E fato: quando uma sociedade está doente, seus indivíduos acabam pagando caro.


domingo, 9 de janeiro de 2011

Plano piloto 2011 - adendo

Só depois me lembrei disso..pra finalizar o post :


Into Pieces from Guilherme Marcondes on Vimeo.


Então, quanto ao item 1 do plano piloto, reescreva-se:

  • Acreditar que as pessoas (inclusive eu) não estão ficando burras, preconceituosas e invejosas;

Pronto...agora foi

=0

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Tea for one

É meio chato cozinhar pra si mesmo, né? Eu só acho legal ficar ouvindo Led Zeppelin enquanto cozinho de noite, depois de chegar em casa. Mas  nessas horas pode acontecer aquela surpresa; vc abre a geladeira e não tem nada além de uma caixa de ovos vazia, um suco no finzinho e umas batatas, vc pensa em voz alta:

-Se fosse a minha mãe já teria feito um purê de batatas, uma torta, um bife de batatas, um doce de batatas...



..mas vc não tem essa destreza toda, certamente. Vc então decide:

-Vou ter que ir na porra do supermercado!!!


O tempo lá fora parece bonito e ensolarado, mas na verdade faz menos alguma coisa (-6 graus, por aí).

Então vc liga pra casa de alguém e pergunta, como fiz algumas vezes no Rio com amigos:

-Tem uma jantinha aí hoje? Acabei de chegar em casa, não tenho nada na geladeira 

Isso se seu amigo atender... no geral eles não estão em casa.

Até que vc, numa busca desesperada pelos meandros e prateleiras do seu refrigerador, vê aquele pãozinho que vc deixou congelando - pra não ter que sair na neve pra comprar pão - que é o pão da salvação (bíblico isso, não? =)



É... amanhã é dia de ir ao mercado  =|


[porre]



ps: adoro a parte em que o cozinheiro está cantando essa espécie de ária de ópera =)

Plano piloto 2011

Eu pensei bem rápido hoje, como uma bexiga que a gente solta sem dar nó e ela sai voando caóticamente: o que será que a gente pode fazer quando a gente discorda de muita coisa que está a nossa volta? Eu já escrevi aqui antes minha crença de que o crescimento e desenvolvimento de cada pessoa é responsibilidade  da sociedade.... o que, certamente, passa pela família ( infelizmente). Uma das meninas que morava numa república que eu tinha com amigos uma vez me disse que se nós fossemos filhos de chocadeira provavelmente o mundo não ia precisar de tantas sessões de terapia, psicólogos e cocas-zero abertas no meio da madrugada....

Há, num livreto do ..pqp, qual o nome dele mesmo? ...puts..o livro é Admirável mundo novo, emque as pessoas são como que nascidas de chocadeiras. E elas vivem pra concordar com tudo. Todo problema é resolvido com algumas doses de uma droga, e todo mundo transa com todo mundo (mesmo o cara feio, ele sempre consegue as "hot girls".. um mundo mais justo =) ... mas o foda é que eu, além de não me lembrar o nome do autor, não me lembro do final do livro. acho que o livro fala de insatisfação: um cara estranho insatisfeito com o mundo ao seu redor.  Semelhanças à parte (principalmente o adjetivo estranho), isso parece minha insatisfação com oque vejo à minha volta.

No geral eu não curto muito essa passagem de ano, essas festas, esses fogos todos só por que deu 1/2 noite... pra mim é uma graaaaande lorota. Tá, vai todo mundo falar que eu tô velho, que isso é coisa de gente chata... mas o reveillon no geral é chato. Chato e fingido. Sem falar nas pessoas de branco/cor de neve ( isso é trauma). No entanto, vou exorcisar meu desconforto com esta parte do ano com as linhas gerais do que me vêm à cabeça pro ano que está à frente, e fórmulas que eu espero que funcionem sempre nos momentos de angústia (pq eles sempre vêm, ááá se vêm ). Como toda bula e suas ressalvas, pra alguns funciona, para outros não.

Plano piloto 2011 x pros momentos de infortúnio/pequeno guia

  1.  Acreditar que as pessoas (inclusive eu) não estão ficando burras e preconceituosas;
  2.  Sempre procurar ouvir os outros com calma e paciência; 
  3. Dias de tristeza se curam com um bom episódio do Tom & Jerry;
  4. Amigos estão longe, mas estão perto também;
  5. Procure o novo - leit motiv que me pega há algum tempo- mesmo que debaixo de pedras (frase ambigua =)
  6. Nos momentos de muito trabalho, pense: "eu poderia estar sendo obrigado a estudar álgebra"...isso te dará força para seguir em frente, além de te fazer perceber que no mundo há coisas piores do que vc está fazendo naquele momento;
  7. Seja sincero.... quando você puder, claro(!);
  8. Nunca se esqueça de quem você é (essa eu aprendi no Persépolis)



Acrescentem linhas, se quiserem. Elas são sempre (quase sempre =) bem vindas