"Since I had nowhere permanent to stay, I had no interest whatever in keeping treasures, and since I was empty-handed, I had no fear of being robbed on the way"
[Matsuo Bashô , The records of a travel-worn Satchel]
O caso da bicicleta roubada no bicycle project me fez lembrar de um poema de Camões, se fizermos as (poucas ) devidas alterações - como trocar anos por dias, já que por uma semana - de um sábado a outro- foi o tempo que esperei pra continuar o trabalho e receber o meu ''prêmio'', mas ele não veio.... na verdade veio, mas só depois de mais sete dias
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: — Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!
E prometo que não falo mais do bycicle project!!!! Até eu enjoei =P
Mas eu não contei muito bem como terminou o lance daquela primeira bicicleta que eu estava montando. Ééééé, pessoal.... mais de uma bicicleta.
E porquê???? Como assim mais de uma?
Bom... a primeira de todas (do outro post )eu deixei lá no depósito do projeto, pq estava por terminar. Cheguei lá no sábado seguinte pra terminar o trabalho (só faltava colocar os pedais nela) eeeee..... cadê!!!!!????
Fiquei meio frustrado... nem digo que fiquei mto frustrado, pq tô meio ciente já de que tudo que lida com o bom senso humano tem chance de dar errado (uns 50% de chance.. cara ou coroa mesmo). Na hora eu virei pra mim mesmo e toquei um foda-se: ia construir outra, começar naquela hora mesmo.
[Sol]
[Sol Sol]...
[Parafusos]
[Frame novo]
[Troca roda]
[Põe roda]
[Põe freio]
.... fiquei o sábado e domingo passado trabalhando 3 horas cada dia neste projeto. Hoje era pra terminar: faltavam os cabos de freio e os da marcha. Certamente não ia deixar a menina lá sozinha e indefeza, ao alcance de qqr um: trouxe a garota pra casa, sem freio mesmo. Hoje cedo eu acordei e fui andando com ela, descendo as ladeiras freiando como nos flintstones, i.e., no pé-chão rsrs
Até que um dos voluntários fala bem alto que eles vão fechar em 20 minutos. Eu só tinha o freio da frente, mal colocado, e o de trás, muito ruim e dando uns problemas. Melhor do que nada.
Quanto aos cabos de marcha... pqp... não queria nem pensar: ia dar um trabalho absurdo, parecia que ninguém conhecia aquele sistema qu ea bicicleta tinha.
Resolvi desencanar do meu ''piece of crap'' e ajudar o pessoal a colocar as coisas dentro da garagem. Mas aí eu vi uma bicicleta que só faltava a roda da frente. Gritei pro indonésio que mora no prédio da frente do meu, empolgadaço, falando que ele poderia sair dali pedalando. Não sei se ele me entendeu muito bem (os dois lados carecem de um inglês bem falado..rsrs) mas ele fez uma cara meio de '' no no...I can't take it now...'' Então eu corri pra dentro da gareagem, peguei a primeira roda que eu encontrei, coloquei na bicicleta.
''-Tá...só testar!''
[Pneu da frente murcho]
[Óbvio]
[Enche]
[ENche]
[ENChe]
[ENCHe]
[ENCHE]
''-Tá...só testar.''
[Pneu de trás murcho]
[Não tão óbvio]
[Enche]
[ENche]
[ENChe]
[ENCHE]
´
Eu me parecia a bruxa do pica-pau, testando as vassouras
Pedalei um pouco ... mais um pouco.
[Dei uma volta]
[Outra volta]
[Olhei pro indiano...digo, indonésio!!]
[Dei uma volta]
Falei pro cara da garagem que ia ficar com aquela e deixar a minha.
''-Sure'' Um sure seguido de um joinha.
[Joinhas são coisas universais]
Falei pro indonésio que ele poderia terminar o meu projeto. Só faltam algumas coisas.. (mais ou menos..); melhor do que começar do zero, como eu estava fazendo.
Eu fico direto andando pelo campus e vendo os esquilos escondendo nozes, sementes... É claro que deve existir um esquilo bonachão que fica a esconder bitucas de cigarros pra fumar escondido dos pais no inverno... mas este eu nunca vi (discreto o menino, viu?)
O mais engracado da sociedade americana..tá, frescura ficar usando este termo, como se estivesse fazendo um estudo antropológico dos meus companheiros de cidade, mas a verdade é que as coisas aqui são diferentes: vc vai no shooping (tenho que ir lá, infelizmente) e, além de haver uma loja chamada "Piroca", com um letreiro bem grandao, pra todo mundo ler, eles ainda têm coisas como "Eyebrow style", pra vc deixar sua sobrancelha super "fashion" num quiosque no meio do corredor do shopping (sério!! no meio!!! Todo mundo te vê fazendo a sobrancelha, coisa mais normal do mundo!! hahaha), ''The golden buyers of america'' (uma loja que vende ouro) e outras coisas... mas o que mais me supreende é foi ter ido no Piroca naquela vez - a que eu contei pra vcs, lembram? -e visto uma sessão de armas de fogo (ditas ''armas de caça''). Pqp...fiquei até longe. Depois os fdps não sabem pq entra gente atirando em escola, em faculdade, em sinagogas, em uns dunkin donuts por aí.
Demorei pra escrever sobre esse local tão agradável e tranquilo no Piroca, materiais esportivos.. mas foi bom, pq um casal de amigos que conheci aqui (brasileiros que moram na espanha; estão visitando a universidade) me mostraram essa revista.... puts...dei um cut mal feito no paintbrush, mas já é o suficiente pra mostrar pra vcs, ali ó...no cantinho superior direito, abaixo do HOW TO
Dá pra acreditar? ....(não tô falando de fazer cerveja não, porra!!! É coisa séria agora!!! hahaha) Olha: sou uma pessoa séria, isso não é montagem... veja aqui que este ''SHOOT A SQUIRREL'' é verdadeiro: eles realmente te dão permissão pra atirar e matar os pobres dos esquilos (certo: vc tem que pagar $17). O engraçado (se é que existe algo engraçado aqui) é ver os títulos das matérias na capa...total coerência =P
"Conserte um coração partido
Ajude crianças
Faça cerveja
Atire em esquilos
.
.
.
"
Tenso, galera.... tenso....
Vou lá.. tomar um litro de diabo verde (só assim mesmo =)
.... e eu ainda esqueci de contar essa, que rolou na mesma sexta do post anterior e me deixou muito abismado: depois de terem forçado os estudantes internacionais a levantarem de suas cadeiras no auditório e os fazerem cantar o hino de guerra do time de futebol americano daqui, a instrutura que estava no palco disse:
" Ahhh ... we will also have a soccer event this year!!!"
Aí alguém perguntou:
"What is soccer?!!"
Caramba, até eu fiquei revoltado!! Vou lá...preciso voltar a estudar
Oque é oque é: um ônibus cheio de chineses numa sexta-feira à noite?
.
.
.
.
.
... =P
Eu, indo fazer compras.
Haha...vc pode pensar que era piada. E das mal contadas!! Mas não é. Primeiro porque eu não sei contar piadas... esta ia ficar igualmente horrível, certamente. Segundo, por que eu nao disse que estava no ônibus de inicio, oq eu não ia fazer muita diferença.... se a vc fosse dada a opção de chutar se eu estava ou não lá, com 99% de certeza vc diria que eu não estava. Claro! Eu era uma única partícula desorientada naquele universo grande e mandarinhesco.
Precisava , e muito, comprar um óculos para nadar... sério, faz quase um mes que não nado, isso anda me tirando o sono. Devo ter engordado uns 50 quilos desde que cheguei: se eu aparecesse no Brasil de novo ninguem me reconheceria mais =P
Fui até uma loja que eu já conhecia. A loja se chama "dick's"...pqp...dick, ate onde eu saiba é pau, piroca... vc lembra daquela musica que sua irmã mais velha ficava cantando na hora da janta e seus pais achavam bonitinho ela cantando em ingles? Pois é, aquela mesma.... (meio prosaico isso, mas tá valendo...pra vc sentir o clima do lugar, dê um play :)
fui no "Piroca' s sports goods" (rindo sozinho ... mas disfarcando). Lembrei do dia que estávamos eu, James e hanson rindo das possíveis fantasias que poderíamos usar numa festa a fantasia. Havia uma, que o hanson sugeriu, que era a do "falhaço firoca". A gente estava bêbado e rindo muito aquele dia, foi muito engraçado.O engraçado é que a música me remete muito ao estilo de vida da galera aqui....tudo a ver
Aí entro no supermercado e ..puts..acho que as vezes eu estou no purgatório. Tbm, se não estiver não deve ser mutio diferente daqui. No mercado veio um chinês dar em cima de mim. Eu estava lá, inocente e centrado, olhando pras pastas de dente e ele veio, de calça, com uma havaiana (versão chinesa, creio) rosa no pé, falando todo espalhafatoso e serelepe:
'' Oh!! The brazilian guy!!!''
Eu falei um...
'' Yeah dude, it's me... ''
e continuei lá, compenetradíssimo na busca pela melhor pasta de dente... ele ainda falou umas coisas que eu não entendi bem... (deve ter sido um '' vc vem sempre aqui, no supermercado?). Eu olhei pro céu...pro teto do lugar que eu estava, rpa ser mais exato, e disse:
''Eu não mereço isso!!! Pq!?!?? Pq!!!??? Eu queria algo mais do que estudar quando saí do Brasil...''
Ok, vou virar um ermitão. Ou um daqueles bichos que têm uma concha e só saem de casa de vez em quando.
E hj de manhã foi a mesma coisa: estava esperando sentado no chão, fora da fila de chinêses... e veio um e me perguntou se eu era turco. Aí o cara sentou e começou a contar a vida dele. Fui legal com o cara. Tudo bem, não tem nada de mais ser gay. Acho que muita gente é e nem sabe. Mas enfim... o cara falava muito baixo e vim se estirando pro meu lado... aí comecei a ficar meio sem graça: o cara estava abusando da minah boa vontade.. me perguntando se eu tinah vindo pra cá só pra estudar, se eu queria sair pra fazer algo.... e eu só levando na flauta. Aí o cara, não satisfeito com a minha boa educação, começou a roçar o joelho na minha coxa (eu estava sentado no chão e ele havia se ajoelhado do meu lado pra conversar comigo)...
foda..
eu não mereço:
as americanas não me agradam,
as chinesas não me querem (não devo ser o tipo delas.. .tbm, não faço mta questão das que eu vi),
os chineses, qdo não me ignoram, me bulinam.
Deve ser o purgatório mesmo.
Afff... estou meio verborrágico hj: acabei de ler o que escrevi... o texto está me lembrando o clima de diário que "o apanhador no campo de centeio" tem. É um livro muito bonito: a primeira vez que o li ele passou extremamente despercebido por mim, nem dei bola. Achei idiota e repetitivo. Pude lê-lo recentemente e percebi outra coisa: o quanto somos confusos e perdidos, e como aquele ''retrato'' do Holden é algo familiar a mim e a muita gente que conheço; quantas portas se abrem pra nós e são ignoradas pro pura e simples besteira da nossa parte.
Pensando melhor sobre o livro, talvez ele tenha uma medida ''certa''de repetição, oque o faz muito bom; cada vez que nos repetimos, tentamos nos fazer mais corretos e mais dignos de seguir adiante. Não, não deve existir uma medida exata pro que se repete e pro que se acrescenta.... por que ao acrescentarmos algo, deixamos de repetir, mas ao se repetir, deixa-se de acrescentar.... Talvez a cena que seja a mais bonita que eu ja vi descrita, a qual parece que pude tocar com as pontas dos dedos, é uma contida num livro do Garcia Marquez (cem anos de solidão), onde ele fala que um dos personagens (nao me lembro qual) passa suas tardes numa oficina, esculpindo peixinhos de ouro... quando ele os termina, ele os derrete o os esculpe de novo, para tentar esculpi-los mais belos e mais perfeitos.
Hummm....talvez não exista uma medida da perfeição tbm.. ou a perfeição que a gente busca está na repetição.. ou em repetirmos para nós mesmos que nunca seremos capazes de atingir isso, pois tudo o que é exato, belo e perfeito vive nos nossos ideais e cabeças somente... a musica do françois couperin tbm me lembra muito isso...
É... esta sexta pareceu-me e muito a anterior... repetindo e repetindo, ''claramente''. Voltei pra casa pensando em tudo isso e já não rindo mais sozinho: não tinha mais tanta graça em se pensar no''dicks''. Meu riso facil havia sido deixado na prateleira do supermercado.
Acho que não deve existir medida pra saudade tbm... embora a de hoje pareça ser a saudade boa, e não a que corrói por dentro.
Bom, da próxima vez eu posto uns desenhos... o pessoal deve estar de saco cheio das minha histórias por
aqui... nem eu mais aguento
Saudades de todos! Fiquem agora com o ataque das cobras!!! =P (alguém lembra disso?)
Eu estava me lembrando por estes dias de tudo que me aconteceu desde que comecou o ano. Certamente, nao vou m elembrar de tudo em detalhes, ainda mais por ser eu um desmemoriado para detalhes cotidianos. Lembrava-me da essência de algumas coisas pelas quais passei, de coisas que comigo aconteceram, e do quão efemera elas foram. Efemeras, mto efemeras... carnaval, pessoas, livros, passeios de bicicleta, mudar de pais, as nuvens de Dallas (que soa as mais lindas qu e jah vi... parece que vc estah num oceano antartico, cheio de icebergs a sua volta)....
Acabou que veio `a minha lembranca uma musiquinha do Devendra, que me dah muito essa sensacão que eu estou sentindo agora: de como algumas coisas foram intensas, e de como easl passaram por mim rapidamente.. e embora eu soubesse que elas teriam fim, elas acabaram antes do que eu esperava.
Vou me agora....o primeiro dia de aula me espera
ps: me desculpem pela falta de acentos... depois eu conserto isso. Os micros daqui da fac nao aceitam "caracteres estranhos", como os presentes no portugues =P
Mais um post chato (dois no mesmo dia...tsc tsc ...ninguém merece ). E pior: como se fossem páginas de um diário!!! É verdade, é verdade... não gosto de ficar fazendo isso, falando da minha vida ultra mega animada aqui. Eu estou postando essas coisas aqui para que eu mesmo, daqui a algum tempo, as leia e veja pelo que passei e como a situação melhorou (espero rsrs)
Ontem, no supermercado, eu conheci uma família colombiana. No meio da conversa, falei que tava meio perdido e tal e tals..e que vim pra fazer o doutorado em matematica. A senhora me falou na hora " minha filha faz doutorado em matemática tbm!!!"
Aí fiquei mto feliz mesmo... sério, me senti acolhido na hora!! Eu, ali, no meio daquele monte de gente falando mandarin... conversamos sobre uns detalhe sque tenho que resolver ainda: cartão da universidade, celular etc etc.. e sobre bicicletas. quero muito comprar uma. Ela me indicou entao um lugar chamado " the bicycle project", onde eu poderia comprar uma bicicleta usada.
Saí no outro dia cedo pra ir la... passei por uma pracinha linda, onde perguntei pra uma mulher onde era o tal lugar... ela me explicou falando extremamente rápido, crente que eu era um americano.. nao entendi mta coisa. Aí um cara meio hippie, daqueles que andam pela galeria do rock, todo rasgado e tatuado, me chamou, perguntando onde eu gostaria de ir... ele estava lá, sentado no chão, com um laptop apoiado no banco da praça. Ele me perguntou onde eu gostaria de ir, pq ele poderia ver na internet num mapa (tem uma rede aberta pra quem quer usar na rua, acho) e me ajudar a chegar lá
Me falou depois que o lugar que eu queria ir era bem legal, que eu poderia conseguir uma bicicleta sem pagar nada... q se trata de uma especie de projeto voluntário..algo do tipo.. não tinha idéia até então. Mas de fato, era tudo o que eu precisava: economizar dinheiro (ainda mais depois dos $170 que eu tive que pagar de hotel na primeira noite, pq cheguei tarde demais aqui, nao conseguindo pegar as chaves do ape). Fui la e vi.
O projeto que funciona mais ou menos assim: se vc tem uma bicicleta velha, uma roda, um aro, qqr coisa que já esteve numa bicicleta, vc pode deixar la como doação; as pessoas podem passar lá, ver o que lhes é útil, e pegar pra utilizar, desde que façam o conserto ali. Se vc quiser um frame (aquela parte onde vai roda e guidão) ou vc deve comprar ou vc pode pegar de graca, contantop que trabalhe como voluntario pra eles por 3 horas. E vc aidn apode agendar o seu horario de trabalho.
Não deu outra: escolhi um frame e, mudando todos os meus planos de ir ao mercado e isso e aquilo, já fiquei por lá, construindo minha bicicleta. Um bloomingtoniano ficou me ajudando a construi-la. Tive que colocar o pneu no frame, montar aquela paradinha onde passa a correia das marchas... ajustar freio, escolher um aro e montar um pneu (isso mesmo: desde a camara de ar )... e fiquei lá até umas 3 da tarde. Mas não terminei ainda: sábado que vem eu volto lá (não funciona todos os dias, pq é um projeto voluntário; não há empregados)
Falei pros caras que queria exportar a ideia,mas eles so riram e falram que a idéia é antiga. No final todo mundo ficou me perguntando pq o Brasil nao ganhou a copa... logo pra mim ....
..deixei eles discutindo sobre káká e outros e segui pro supermercado: preciso comprar uma panela. Acho que hoje rola meu primeiro jantar em casa por aqui
Ok ok.. não quero perturbá-los com os meus problemas como um estrangeiro aqui nos eua... mas de fato, eu tenho tido alguns problemas, da mesma forma que tenho recebido coisas boas. O maior dos problemas, e isso não tem nada a ver com o lugar que eu estou (mais ou menos, na verdade), é a saudade: tenho mta saudades da minha mãe, da família, dos amigos...
O primeiro dia não teve graça, pq foi mto chegar e arrumar algumas coisas (como por exemplo, hotel). Só fiz isso, além de sair pra comer num mexicano fast-food (que não era ruim..foi o mais próximo de uma comida saudável que eu consegui). No segundo dia as coisas começaram a acontecer de fato: tanto que parece que meu dia durou uma semana, de tanta coisas que eu fiz: pegar chave da casa nova, ir no mercado, pegar uma corzinha no sol daqui.... etc etc...
Ééééé.... acreditem, tá fazendo uns 35 graus aqui... calor infernal, que me lembra o verão carioca. Não estou brincando!!!! Abafado que só. Aí, se vc acrescenta o horário de verão.. vixe, o dia acaba escurecendo 'as 21.. e vc toma sol o dia todo.
Ontem, lá pr'umas 20 hs eu resolvi sair pra jantar. Na verdade tinha chegado do mercado feliz pra caramba: havia comprado tomates e batatas, alem de granola e banana. Caminhava e pensava: "eba, amanhã vou poder comer banana com granola!". Panela eu ainda nao tinha, nao daria pra cozinhar nada. Pensei, sabiamente : " vou sair pra jantar no mexicano ". em essencia é a comida "menos pior" de todas =)
Saí andando... aind aclaro, mas o sol se pondo..ruas vazias.. carros e mais carros. Cena de filme de serial killer. Aquelas casinhas bonitinhas, árvores, ruas escuras... andei umas 10 quadras. Qdo vi que estava mto escuro, e eu temendo pela minha seguranca ( as ruas estavam vazias mesmo!!!) eu me virei e voltei; andei as 10 quadras na volta e só vi um casal jogando bola num campo de futebol e dois homens no outro lado da rua
Resolvi então comer no chines. Por sinal , aqui tem tanto, mas tanto chines, que eu me sinto na terra deles. Sério! Hoje, por exemplo, eu fui ao supermercado . Na volta eu estava no ponto esperando o onibus e contei; a equação é esta: 40 chineses no ponto + um casal de indianos + eu = gente no ponto de onibus
Mas voltando, fui no chines e pedi um yakisoba:
"We don' t have yakisoba"
Ai eu tive que apelar, pedindo algo que mais se aproximasse de um yakisoba
"We have Lo Mein"
..e lá fui eu de Lo Mein... voltei pra casa, bem escuro já, e lembrei do meu cafe da manha: pelo menos esse vai ser decente!
mas entao me lembrei que nao tinha talheres... Nenhunzinho! Puts..como ia comer minhas bananas com granola no dia seguinte? Porra.. fiquei mto puto..me senti mto fragil... mais fragil ainda do que aquele garoto que andava nas ruas escuras de uma cidade do interior, temendo algum ser perverso que poderia estar escondido dentro de qqr furgao (aqui tem varios rsrs)
Cheguei em casa, comi meu Lo Mein sentado sozinho na sala... nenhuma mobilia: eu + Lo Mein + luz da rua + +geladeira perto da cozinha = todo mundo jantando quieto
Via o garfinho de plastico do Lo Mein, vagabuuuundo.. nao aguntaria ateh o fim do jantar sem quebrar.
Nao quebrou. Mas nao resistiria a tentativa de amassar uma banana
Fui pra cozinah lavar a louça; triste.. Vi o garfinho de plastico do Lo Mein de novo...
tristeza.
Saudades de casa.
Abri de novo o saco plástico onde veio o Lo Mein: 2 saches de shoyu (?)... um biscoitinho da sorte com um desenho amarelo por fora. Abri, tirei o papel de dentro e comi o biscoitinho... não o comi pensando em ter sorte, mas o comi, mastigando lentamente a refeição tao dificil de ser obtida. Peguei o papel e li
" Learn chinese!!!! (algo incompreensivel) (812) um teleonfe bizarro"
Virei o papel:
" Use what you have been given"
Merda... biscoitinho da sorte que fala da minha vida ingrata.
Lavei o garfinho do Lo Mein pro dia seguinte, na esperanca de que ele funcionasse.
De fato, deu certo. =)
Mas hoje a noite eu vou ver de pedir uns talheres emprestados com uns indianos que moram no terreo... eles parecem legais, pelo menos
Por um segundo se sentiu como um deus. Isso: deus...
Deus de sua própria existência, deus das formigas, das pessoas que atravessavam a rua correndo, levando suas compras de supermercado pra casa, de seus próprios ais, deus de todos os seus uis
deus do desdém que nutria por todos que o cercavam naquele momento.
seguiu andando
[poc....] [...] [poc...] [Ele dá passos lentos e compassados] [Ele parece raciocinar muito a cada um deles]
Ouve um zumbido que gradativamente aumenta e o ensurdece, misturando-se com o canto dos pássaros
[Uma ambulância]
".. odeio essas sirenes, esses ruidos.."
segue caminhando.Agora, descompassado, de maneira mais comedida e pesada. Anda como se fosse uma árvore, cujas raízes foram cimentadas.
[ruídos] [buzina] [poluição] [um quintal com uma galinha d´angola] [uma sequência de casas simples]
Passa diante de várias casas simples, as quais nunca havia notado que estavam ali (mesmo tendo passado tantas e tantas vezes por aquela rua). Ouve uma música vindo de uma das casas, saindo suavemente pela janela.
[começar a ouvir a partir de 28 segundos]
Olha para o portão
[o portão está aberto]
Mas não pensa que o portão está aberto, como descrito acima, e sim que o portão não está fechado. Pára e reflete sobre a diferença entre um portão aberto e um que não está fechado. Não avança... em pensamento. Em movimento.... Em essência, os dois só servem para que as pessoas passem por ele.
[em voz alta]
"E assim o permitem, pois não há amarras que contenham o correr de suas dobradiças"
Olha para os lados para ver se alguém o ouviu. Adianta-se sobre o portão.
Passa por ele e fecha o ferrolho, seguindo normalmente para dentro da casa, seguindo a música, como se esta o convidasse a entrar.
A idéia é as pessoas irem contribuindo com texto nos comentários ou em seus próprios blogs. Quem for fazendo isso, vá passando os links pra mim, ou os deixe nos comentários dos posts aos quais vcs derem continuidadde.
Então você me diz do seu sapato apertado. Mas, sinceramente, não quero mais saber.
Realmente, sua vida de casado já não lhe valia de mais nada. Era um infeliz. Um grande e infeliz, personagem coadjuvante na vida da sua família. Familia esta cujo amor parecia não receber ou sentir. De fato, nem sabia se amava seus filhos mesmo. Mesmo sua esposa, cachorros,sua casa e seu carro novo.
Pensou em se matar. Isso! Se mataria à tardinha... só deveria ir ao banco pagar a conta e luz antes.
"Idiota!"
Condenou-se pelo último pensamento.. onde já se viu: ir ao banco, pagar uma conta e se suicidar?
"Idiota".. repetiu para si mesmo, de maneira mais tímida