"Since I had nowhere permanent to stay, I had no interest whatever in keeping treasures, and since I was empty-handed, I had no fear of being robbed on the way"
[Matsuo Bashô , The records of a travel-worn Satchel]
"If we are what we eat, then we are having an identity crisis. Because food's journey from farm to plate is a strange one. An old woman has a simple relationship with her animals: she loves them, kills them, eats them. In town, people are first fascinated, then repulsed, by the intimacy between the old woman and their food. A film without words."
E hoje eu pensei em como o mundo daqui desse lado é intraduzível: li sobre 'kakekotoba", que são como brincadeiras com palavras, que nascem muito da limitação fonética do idioma japonês e sua conjugacoes, que fazem com que coisas como lágrimas ("nâmida") possam virar ondas ("nami")... uma língua em que não existe plural de palavras, ou gênero, onde as palavras transitam entre o ambíguo, o contextual, o dito e o não dito.
E hoje, durante uma conversa, fiz um pequeno play with words: "sakê ô sakemasu" (em português, "evite sakê").
Minha masterpiece!! hahaha ... E que, quando traduzida, se reduz a nada, a pó, a areia... hahaha vira um grão de poesia! Lá passa um transeunte ocidental, aponta pra minha obra num museu e fala
"-Só no japao mesmo pra esse cara fazer sucesso."
Oque me lembrou de uma musica do Alphaville chamada "Big in Japan", da qual eu ouvi falar na minha ultima visita aos eua hahahaha Quando disse pra um pesquisador que aqui morava ele disse
"-Are you big in Japan?"...e cantarolou essa canção
No Mississippi, EUA, não se pode ensinar crianças na escola a usar camisinha. [Fiquei sabendo disso por estes dias no podcast abaixo]
O video é muito engraçado, apesar do motivo pelo qual ele foi feito ter sido essa incapacidade de religiosos mais ortodoxos se abrirem pros problemas do mundo (como educar crianças sobre suas sexualidades).
Quando você tenta escrever algo novo, uma coisa estranha acontece: o estado entre o "saber e não saber"...algo muito sutil... onde teus olhos/idéias parecem caminhar no limiar do entender....e quando você menos espera, vem aquela enxurrada turbulenta de idéias que parecem tirar tudo de ordem, que te jogam umas vezes às cordas...noutras nos braços do "público" (este, imaginário, quando se cria sozinho).
Isso tem me visitado há dias, desde que voltei de viagem e tenho buscado terminar um projeto. Curiosamente, isso me veio hoje de novo à cabeça depois de ouvir essa música do Chico com a Bethânia.
Estava tentando entender oque eu sinto quando os dois começam a contar juntos, palavras distintas, como dois corpos entrelaçados, duas idéias cujos sentidos são diminutos senão ouvidas como uma só... e então você, de longe, buscando colocar ordem na casa... enquanto você fica andando no limiar entre ordem e desordem.
Enfim.... falei e falei sem chegar muito longe hahaha Fala sério, te dei essa sensaçãozinha de beira de precipício? :)
Estive de visita aos EUA de novo. Dias de grande contraste entre a mentalidade ocidental e a oriental. Dias também em que descubro que fui chutado do meu apartamento no Japão porque a dona, simplesmente, ao invés de me avisar que meu aluguel expirava e perguntar se eu queria ficar lá o alugou pra alguém sem me dizer.
OMG!!!! Será que alguém pode explicar pra essas pessoas que existe uma outra maneira de fazer as coisas?!!!
Jeitinho japonês... onde só quem é japonês é levado em consideração. Vivendo e aprendendo.
Encontro o Prof. N caminhando pelo corredor, distante. Tento apressar o passo, mas minha xícara cheia de cafe não me permite. Mas tenho algo a dizer, e então o chamo:
-Doutor N, Doutor N!!!
- Sim...?
(um sim bem puxado, entre o "você está me incomodando" e "estou te fazendo um favor aqui lembre-se de que você é meu subalterno") - Lembra daquela palestra que eu daria quando voltasse de viagem?
- Simmmm...?? - Eu descobri que há um erro no relatório que iriamos apresentar. Devido a esse problema não há sentido em ter reuniao alguma, pois a discussão se baseia num argumento enganoso. Teriamos como desmarcar?
- Não... Impossível - Por que?
- Por que você havia dito que ia dar uma palestra.
- Sim, eu sei, mas o assunto está errado. Consequentemente, não há oque apresentar!
- Eu entendi. Mas não podemos cancelar.
- Por que?
- Por que você me disse ha um mes que iria apresentar algo.
[3 minutos depois] [muitos vais e voltas] [ou melhor] [depois de andarmos em círculos por 3 minutos]
- Ok, eu vou apresentar. Mas fique ciente de que há um erro fundamental no relatório.
- Tudo bem. [Sorriso de chefe]
Saí da conversa pensando: quem está sendo mais inflexível aqui, eu ou meu chefe?