sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Direto da Terra do Sol Nascente, #32: kakekotoba (掛詞) (ou "big in japan")

E hoje eu pensei em como o mundo daqui desse lado é intraduzível: li sobre 'kakekotoba", que são como brincadeiras com palavras, que nascem muito da limitação fonética do idioma japonês e sua conjugacoes, que fazem com que coisas como lágrimas ("nâmida") possam virar ondas ("nami")... uma língua em que não existe plural de palavras, ou gênero, onde as palavras transitam entre o ambíguo, o contextual, o dito e o não dito.

E hoje, durante uma conversa, fiz um pequeno play with words: "sakê ô sakemasu" (em português, "evite sakê").

Minha masterpiece!! hahaha ... E que, quando traduzida, se reduz a nada, a pó, a areia... hahaha vira um grão de poesia! Lá passa um transeunte ocidental, aponta pra minha obra num museu e fala

"-Só no japao mesmo pra esse cara fazer sucesso."

Oque me lembrou de uma musica do Alphaville chamada "Big in Japan", da qual eu ouvi falar na minha ultima visita aos eua hahahaha Quando disse pra um pesquisador que aqui morava ele disse

"-Are you big in Japan?"...e cantarolou essa canção



Yeah, babe... once I was big there :)

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Direto da Terra do Sol Nascente, #31: natsu/verão


silêncio
o som das cigarras
penetra as pedras
                                                                           [Haikai de Matsuo Bashô]
                                                                           [Que faz todo sentido neste verão]
                                                                           [ :) ]

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Como colocar uma meia





No Mississippi, EUA, não se pode ensinar crianças na escola a usar camisinha. [Fiquei sabendo disso por estes dias no podcast abaixo]
O video é muito engraçado, apesar do motivo pelo qual ele foi feito ter sido essa incapacidade de religiosos mais ortodoxos se abrirem pros problemas do mundo (como educar crianças sobre suas sexualidades).


sábado, 21 de julho de 2018

Precipício de idéias

Quando você tenta escrever algo novo, uma coisa estranha acontece: o estado entre o "saber e não saber"...algo muito sutil... onde teus olhos/idéias parecem caminhar no limiar do entender....e quando você menos espera, vem aquela enxurrada turbulenta de idéias que parecem tirar tudo de ordem, que te jogam umas vezes às cordas...noutras nos braços do "público" (este, imaginário, quando se cria sozinho).

Isso tem me visitado há dias, desde que voltei de viagem e tenho buscado terminar um projeto. Curiosamente, isso me veio hoje de novo à cabeça depois de ouvir essa música do Chico com a Bethânia.




Estava tentando entender oque eu sinto quando os dois começam a contar juntos, palavras distintas, como dois corpos entrelaçados, duas idéias cujos sentidos são diminutos senão ouvidas como uma só... e então você, de longe, buscando colocar ordem na casa... enquanto você fica andando no limiar entre ordem e desordem.

Enfim.... falei e falei sem chegar muito longe  hahaha  Fala sério, te dei essa sensaçãozinha de beira de precipício? :)

Direto da Terra do Sol Nascente, #30: "gente que facilita a nossa vida"

Estive de visita aos EUA de novo. Dias de grande contraste entre a mentalidade ocidental e a oriental. Dias também em que descubro que fui chutado do meu apartamento no Japão porque a dona, simplesmente, ao invés de me avisar que meu aluguel expirava e perguntar se eu queria ficar lá o alugou pra alguém sem me dizer.

OMG!!!! Será que alguém pode explicar pra essas pessoas que existe uma outra maneira de fazer as coisas?!!!

Jeitinho japonês... onde só quem é japonês é levado em consideração. Vivendo e aprendendo.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Direto da Terra do Sol Nascente, #29: "honestidade demais dá nisso"

[História real]

Encontro Japão e país X, no Japão.
 Os organizadores do lado do país X entram na conferência, no discurso de abertura, dizem:

- Trouxemos presentes pros organizadores locais.

E lá se vão, numa eterna troca de mãos, vinhos e cookies do país X.

Após todos os presentes serem distribuídos, um dos organizadores japoneses, no alto de sua educação e formalidade japonesa, se levanta e diz:

- Obrigado pelos presentes. Mas esse cookie que vocês trouxeram eu posso comprar no mercadinho perto da minha casa.

[Silêncio.... ]
[Risadas]




quinta-feira, 14 de junho de 2018

Direto da Terra do Sol Nascente, #28: (in)flexibilidade

Encontro o Prof. N caminhando pelo corredor, distante. Tento apressar o passo, mas minha xícara cheia de cafe não me permite. Mas tenho algo a dizer, e então o chamo:

-Doutor N, Doutor N!!!

- Sim...?

(um sim bem puxado, entre o "você está me incomodando" e "estou te fazendo um favor aqui lembre-se de que você é meu subalterno")

- Lembra daquela palestra que eu daria quando voltasse de viagem?

- Simmmm...??

- Eu descobri que há um erro no relatório que iriamos apresentar. Devido a esse problema  não há sentido em ter reuniao alguma, pois a discussão se baseia num argumento enganoso. Teriamos como desmarcar?

- Não... Impossível

- Por que?

- Por que você havia dito que ia dar uma palestra.

- Sim, eu sei, mas o assunto está errado. Consequentemente, não há oque apresentar!

- Eu entendi. Mas não podemos cancelar.

- Por que?

- Por que você me disse ha um mes que iria apresentar algo.

[3 minutos depois]
[muitos vais e voltas]
[ou melhor]
[depois de andarmos em círculos por 3 minutos]

- Ok, eu vou apresentar. Mas fique ciente de que há um erro fundamental no relatório.

- Tudo bem.

[Sorriso de chefe]

Saí da conversa pensando: quem está sendo mais inflexível aqui, eu ou meu chefe?

terça-feira, 1 de maio de 2018

Direto da Terra do Sol Nascente, #26: "acontece"

Ângulo de entrada perfeito

Estou de volta ao mundo!

De volta à atmosfera terrestre

Depois de dias mais que semanas

Dedicados a provar algo ...

....que estava errado

Acontece.

sábado, 21 de abril de 2018

My little Duckaroo, ou "sobre os ombros de gigantes"

"If I have seen further it is by standing on ye sholders of Giants."

 
Isaac Newton disse a frase acima.... me pergunto se, no fundo, uma vez  sobre os ombros de gigantes, a questão deixa de ser vermos mais longe pois a preocupação então passa a ser outra: passamos sim a ver/encarar outros gigantes... E a grande pergunta que fica é: por que queremos escalar sobre ombros assim, tão altos? Ombros-montanhas, Everests de ombros...   Um gigante, que vê assim tão longe, não vê o chão assim tão bem... ou, quando cai, cai de uma altura muito maior.

Por que então buscarmos algo tão alto? 

De certa forma, isso nos remete ao mito de Ícaro, a esse constante equilíbrio entre o "tão alto almejamos, de tão alto caímos".  

Há alguns dias atrás eu estava pensando no que fazemos para crescer na vida e na carreira: em como nos degladiamos por coisas grandiosas, muitas vezes maiores que a gente, e nos perdemos a ponto de quase cairmos de exausto por elas. Às vezes parece que vivemos em função dessas metas, como se fossem oque há de mais importante no mundo.

Mas realmente, o são?

Me pergunto algumas vezes se não se trata de uma cegueira obstinada seguir por certos rumos. Tenho me questionado tanto ultimamente.... mas tanto mesmo... que tudo me pego vivendo em contínuo desconforto.

Esses dois desenhos (que adoro) falam um pouco sobre isso.





My little Duckaroo, do Chuck Jones



One Froggy evening