domingo, 9 de março de 2014

Imposto

Eu sei que esse filme não diz respeito a impostos, mas eu não tenho como deixar de pensar nele enquanto perco horas da minha vida fazendo meu imposto de renda (você já fez o seu, por sinal????!!!!)

                       

    John Law and the Mississippi Bubble by Richard Condie , National Film Board of Canada


Enfim... fazia tempo que não postava uma animação; me falta tempo pra assistí-las, ultimamente =/ Espero que vocês gostem.

segunda-feira, 3 de março de 2014

When you're smilling...



"When you're smiling, when you're smiling

The whole world smiles with you



When you're laughing, when you're laughing



The sun comes shining through




But when you're crying, you bring on the rain



So stop that sighing, be happy again



When you're smiling, keep on smiling



The whole world smiles with you



... "



When you're smilling, por Billie Holliday,  em 
"Lady Day: The Complete Billie Holiday on Columbia (1933- 1944)"

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Petúnia fugiu de casa

Callejón de la luna by Vicente Amigo on Grooveshark


[Play]
[Lugar árido]
[Ruas empoeiradas e sujas de terra]


Petúnia fugiu de casa.

Não havia jantar: foi quando os filhos se deram conta de que não havia alguém para alimentá-los. O marido, por ter dormido no sofá,  só se deu conta na manhã seguinte, quando fora tomar o café da manhã, pra depois receber seu costumeiro "bom trabalho" e um pacote com seu almoço. Petúnia havia sumido.. embora já estivesse ausente há muito.  

Petúnia nunca foi de dizer muita coisa.

Há um tempo sua cabeça entrou em parafuso, suas conexões aparentemente deixaram de funcionar: lhe faltava o carisma de sempre, seus amigos sentiam faltar nela o vigor "daquela Petúnia da época da faculdade". Às vezes sucediam-se breves tilts, como se a cabeça entrasse em choque.  Procurava o amor de todos, algo que lhe colocasse de volta nos eixos. Seria muito buscar o suporte dos amigos, seria pedir pouco o suporte da família? Era esparar demais, depois de todo esse tempo... amor negado, a cabeça desajustada, descabelada de vaidade, desafinada.... não conseguia pensar claramente, sua voz saia distorcida, alterada... (isso quando saía)

Sozinha e esquecida, Petúnia colocou alguns poucos pertences numa sacola e saiu de casa pra procurar uma nova vida.. e para nunca mais regressar.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Oque restou de quase muito - Brasil 2013/2014



Sea Brazil - Bela Fleck



O choro soluçado que se ouve da porta da rua
um oceano no qual se molha os pés
a despedida
uma onda que te engole todo
dizer tchau pra nao saber se vai haver volta
o abraco
a falta
o beijo
a ausencia
repensar-se
oque lhe cativa?...
repensar seus dias
a necessidade de se comecar do zero
construir um futuro... 
isso.... não ter medo de começar do zero
sorrir, mesmo que sozinho
chorar, por sua própria conta e risco

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

O instinto do homem cebola

Estados Unidos. 
Inverno.

Instinto de sobrevivência: sair para comprar cebolas.

Sobrevivência... instinto de sair para comprar cebolas (agora! -12 C).

A sobrevivência me impele a sair. 
Saio no frio vestido como uma cebola: layers + layers de roupa.

Uma cebola cria camadas por instinto: ela precisa sair no inverno.

Compro cebolas por instinto: preciso sobreviver.

Sobrevivo, por isso compro cebolas ( instinto cartesiano).

Sobrevivo porque tenho instinto. Sou uma cebola ( lógica cartesiana).

A sociedade é uma sociedade de consumo.
Por isso eu compro por instinto. 
Sobrevivo.
Compro de tudo,
até cebolas.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Artigo indefinido

"Everybody knows what a mathematical proof is. A proof of a mathematical theorem is a sequence of steps which leads to the desired conclusion. The rules to be followed in this sequence of steps were made explicit when logic was formalized early in this century and they have not changed since. These rules can be used to disprove a putative proof by spotting logical errors; they cannot, however, be used to find the missing proof of a mathematical conjecture."

"The Phenomenology of Mathematical Proof", in Indiscrete thoughts, by  Gian-Carlo Rota

O estado das coisas: escrevendo meu primeiro artigo de pesquisa. Do que se trata? Well... melhor mudar de assunto pra não incomodar vocês hahaha =P

Me sinto um quanto insatisfeito no que se refere à linha tênue que separa o que deve e oque não precisa ser dito. E não digo quanto ao "óbvio/trivial" ou  coisas que mereçam ser esmiuçadas: trata-se mais do meu desconforto com algumas coisas, o hábito de não se explicar coisas e jogá-las pra debaixo do tapete. Como tenho sentido algumas vezes, são coisas que ninguém explica em lugar nenhum(!!!), e não se pode encontrá-las assim tão facilmente. Adiciona-se um "it is standard..." e pronto: o resultado é como um teorema que já nasce provado, e-não-se-fala-mais-nisso.

Por outro lado há aspectos positivos que, no meu caso, têm uma natureza estética: um teorema que, antes com 2 páginas, você passa a explicar em meia página, contendo o mesmo (ou até mais ) conteúdo agregado.... ser sucinto, sem excessos. É uma sensação muito boa quando isso é possível/alcançado. Agora, tem aqueles momentos que vc tem que explicar outras coisas que não são tão legais... aí vc se confunde, "gagueja"... até vc ver que.... não entendeu bem oque está acontecendo. Escrever um paper (ao menos é oque eu sinto em matemática), às vezes, é como um interrogatório: qualquer deslize parece ser digno de nota e de culpa. Acrescenta-se a isso o lado estético... acrescenta-se a pressão de fazer tudo no tempo (e antes de viajar para o Brasil...) e dá nisso: estresse, desequilíbrio, noites mal dormidas e cansaço.

Estado do blog neste ínterim: em suspenso! Tenho postado pouco-cada vez menos... mas acredito que seja um estado temporário. Espero poder comemorar quando submeter este artigo pra publicação, algo que, acredito, não se dê muito longe da data de hoje.

Em suma, é isso: deixo as linhas desse blog pra voltar pro prelo e trabalhar nessa tese/artigo.

Nota digna de ser tomada: finalmente terminei um apêndice que estava me tirando do sério, depois de mais de três semanas tentando entendescrevê-lo.... uffa  =)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A outra metade?

Separações  ( Antônio Prata - Folha de São Paulo, 17 de Novembro de 2013)

Ele era engenheiro, gostava de filmes de ação e corria na esteira três vezes por semana. Encarava o sexo como uma necessidade fisiológica, uma exigência corporal que surgia mais intensa quanto mais descansado estivesse: ao acordar. À noite, exausto, só queria tomar uma cerveja e dormir.
Ela era pintora, detestava "filme de carro explodindo" e praticava hatha yoga. O sexo, para ela, era "cosa mentale": o desejo ia crescendo durante o dia, a fantasia se desenhando nas cochias do pensamento e só ao se deitar na cama, antes de dormir, começava o espetáculo.
Quando se conheceram, não atinaram para o problema de fuso horário --no jet lag da paixão, toda hora era hora--, mas, assim que o fogo abaixou e o sexo teve de encontrar seu escaninho no armário da rotina, as diferenças apareceram.
Separaram-se faz um mês. Ironicamente, ele sente mais falta dela à noite, enquanto toma sua cerveja e espera o sono; ela sofre mais ao acordar, só, de manhãzinha.
*
Da primeira vez que ela foi à casa dele, viu na cama desarrumada, nos vinis espalhados pelo chão e na geladeira vazia --meia garrafa de vinho e três sachês de ketchup (vencidos)-- uma postura rock'n'roll, um desprendimento libertador, uma superioridade quase beática.
Da primeira vez que ele foi à casa dela, viu nos tupperwares etiquetados, nas flores da jardineira e no mural do escritório sua possível salvação: sonhou com um futuro de refeições balanceadas, vinis em ordem alfabética e contas no débito automático.
Por seis meses, ela resistiu às toalhas molhadas na cama, aos discos espalhados pela casa e às caixas de pizza no sofá; "A única coisa que eu pedia era pra ele botar o telefone na base. Se você ama mesmo uma pessoa, é capaz de fazer esse mínimo esforço, não é?". Separaram-se faz uma semana. Ontem de madrugada, a caminho do banheiro, ela viu a luzinha verde da bateria, na base do sem fio, e caiu no choro.
*
Eles gostavam dos mesmos filmes, dos mesmos livros, das mesmas bandas, dos mesmos pratos nos mesmos restaurantes, riam das mesmas piadas, queriam conhecer os mesmos países e ter um filho chamado Frederico. Depois de cinco anos, contudo, se cansaram daquela mesmice. Ela disse que estava pensando em se separar, ele disse que vinha pensando o mesmo. Ontem, ao partir, ela o fez prometer que jamais teria um filho chamado Frederico. Ele prometeu --e pediu o mesmo.
*
Por dez anos, ele foi absolutamente fiel. Não transou, não beijou nem flertou com nenhuma outra mulher. Nos últimos meses, a retidão começou a pesar em seus ombros. Anda por aí olhando bundas com a voracidade de um remador das galés, deu pra implicar com pequenos atrasos da esposa e pra discordar de seus comentários durante o jornal.
Já ela, nesses dez anos, não foi absolutamente fiel. Transou com um colega de trabalho e com um ex-namorado de adolescência, que encontrou por acaso em Salvador. Nada sério, só desejo: ela tem certeza absoluta de estar ao lado do homem que ama e jamais cogitou trocá-lo por alguém.
Agora, ele chega na sala, senta ao lado dela, olha pra parede e diz que precisam conversar.

Li esse texto do Antônio Prata na folha de São Paulo do último domingo e, dentre as muitas coisas que me lembrei, uma delas foi esse curta.




domingo, 17 de novembro de 2013

Fa-Tal


LUZ ATLÂNTICA EMBALO 71

     Aumento para
     as terríveis novas
     ( qualidades do personagem, recepção, exortação, exaltação)

1

     Jovem tonto, torto com
     Nenhuma nostorgia.
     Meta-promessa mantida: não voltar as vistas pra trás.

     Sou eu quem            durmo tarde
                  quem           acordo cedo
                  quem           realço tudo
                  quem           não tenho medo... causas aque destinei meus dias

     Qualidade do personagem quando desacorrentado: ESTAR ACESO.
     Que herança herege me trouxe desanimação e me arrebatou  arrebentou a esperança?
     Os apesares obrigam: volta ao primeiro verso:
     Nenhuma nostorgia.
     Sou índia sou virgem sou bela sou forte sou jovem sou sadia sou pura.
     Sou pura - tenho que atrair capitais com meu papo minha figura,

     Triste figura de rei dos fracos: desempenhar uma atividade lucrativa: escrever carta circular pros amigos pedindo dinheiro:
     Não ser funcionário: ter sempre um ponto de vista louco sobre ESTA realidade.

2

Abutre aponta o bico pro meu fígado/ desce pra bicar abalar arrancar meu fígado de acorrentado.

3

     Pensamento político. o poeta - um dos meus personagens - fala: outro dia pensei em me suicidar não pratiquei não relatei a ninguém pra não influenciar mal meus amigos. ter amigos, os meus. ser merecedor do amor de minha mãe. confiar nos outros.
     Fingir praticar literatura de expressão pessoal:
     Vir a ser campeão nacional de piadas e trocadilhos.


     VIVA A RAPAZIADA

(Waly Salomão, 1971 - do livro  "Me segura qu'eu vou  dar um troço")