domingo, 18 de agosto de 2013

... said my name is called disturbance


O título de hoje vem de  "street fighting man", dos Stones. Chamaria isso de 'peso na consciência'... ainda mais depois do remorso em ter ( quase) brigado no meio desta última  noite/manhã. Acho que é o James Gleick que, num de seus livros no qual fala sobre teoria do caos, diz que existe um horário na madrugada em que as chances de coisas erradas acontecerem aumentam: um ponto, uma curva, uma singularidade; sim, acho que tropecei numa dessas ontem. 

E aí vc volta pra casa e tenta traçar o por que, onde faltou a razão, onde a razão de perdeu, onde vc se deixou levar por tudo aquilo que não o bom senso. 

... 5 minutos ... algumas poucas fagulhas foram o necessário.
... 5 minutos.. e isso. 

Não sei... talvez a maior lição que possa tirar disso seja a prática da paciência. Interessante por que muitas vezes temos essas palavras como adjetivos... mas não é bem verdade: a exemplo de amar, que não é um sentimento apenas, mas um verbo, no qual se condensam atitudes, gestos e sinceridade... por que não o mesmo com a palavra "paciência"? Paciência, enquanto ato para si mesmo, dada ao mundo e ao que te cerca. Talvez paciência seja um caminho limítrofe entre a racionalidade e esse mundo cheio de fagulhas onde as coisas fogem ao nosso controle.

Enfim... termino esse post com um trecho de Fernando Pessoa em seu "livro do desassossego" 


[10]

E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa; uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre ...
Bom domingo a todos. 

Love + peace .... + patience

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Paupéria

Oque será 
que dá pra fazer com
brócolis, 
ameixas desidratadas 
amêndoas?


é...  não é muito difícil adivinhar 
que este é o conteúdo
 da minha geladeira 
esta noite



[Milonga em ré, Astor Piazolla]

quarta-feira, 31 de julho de 2013

San Francisco







Acabei nem desenhando muito nos dias que fiquei em SF; até voltei antes do que previa. Foi bom, mas acho que precisava de um pouco mais pra me inspirar. De qualquer forma, acabei fazendo alguns desenhos.





terça-feira, 16 de julho de 2013

Veni, Vedi, Vici

Segunda-feira, 5:47  da manhã, e eu caminhava dois blocos em direção ao "official parking lot" da casa branca, que se trata de uns bike racks que ficam em frente a um mercadinho local. Olho de longe antes de atravessar a rua, avisto minha bicicleta; ao lado, uma cartola roxa com os dizeres

Veni
Vedi
Vici

da qual pendiam duas orelhas. Aproximo-me, já com a chave do cadeado da bicicleta na mão. Com o canto do olho observo um coelho dormindo dentro da cartola. O barulho da chave o acorda. Eu, não querendo incomodar, sussuro-quase-digo: 

"-..good morning"

Ouço de volta algo.

"... Gooooood moooorning..."

[bocejo espreguiçado]

Perguntei ao coelho oque ele fazia tirando uma soneca ali. Vejo sua bicicleta escorada num poste, solta.

[traduzido]

"-Vim de bicicleta do Wal-mart até aqui. Trabalho lá.".

" -Sério?! O Wal Mart é longe pra cacete!", disse-lhe, estarrecido.

" - É.. parei aqui pra descansar um pouco e continuar a viagem pra casa", disse o coelho.

" - E oque um coelho faz no walmart?!", perguntei estarrecido.

" - Eu sou um coelho que finge ser uma americana loira... aí eu trabalho no caixa".

" ...ahhhh...", exclamei, surpreso, mas sem entender direito.

Subi na minha bicicleta e olhei pra frente. Liguei minhas bike-lights, pus meu capacete. 

"- Have a good one", disse o coelho. 

"-You too", lhe disse, já pedalando.  

Pensava no quanto nadaria ainda, na minha corrida contra mim mesmo. Pensei no que é nadar para chegar mais adiante quando a qestão não se é ir longe, dado que nadar em piscinas é um exercício monótono de idas e voltas.... Lembrei da corrrida de Aquiles e da tartaruga e do paradoxo de Zenão (Zeno, em alguns livros) sobre a qual li no primeiro ano de faculdade; veio à cabeça o abrir do livro e o desenho de um homem apostando corrida com uma tartaruga. A legenda dizia 

"...os gregos não entendiam como somas infinitas poderiam convergir."

[Um exemplo seria,

$$ 1 + \frac{1}{2^2} + \frac{1}{3^2} + \frac{1}{4^2}  + \ldots $$
]

 Lembrei-me então de, por um certo tempo, não conseguir entender o porque daquele "paradoxo" ser realmente um paradoxo, e oque a soma da série infinita trazia à coisa toda dado que era evidente que não se tratava de um paradoxo, mas sim de um grande mal entendido. Me sentia um tanto confuso - pra não dizer um tanto "grego" hahaha -  com a confusão dos nossos antepassados. Visualizei na minha cabeça aquele funcionário coelho do walmart apostando corridas com os funcionários lesmas ou tartarugas para ver quem ganhava em eficiência e habilidade pra chegar ao trabalho na hora certa e  bater ponto  ("to clock in", nos dizeres americanos) e tinha então sua foto estampada na parede como "funcionário do mês". 

Nadei pensando um pouco no assunto. E foi só.



ps: indo por um tempo pra outras terras pra curtir tão almejadas e necessárias férias; voltarei em Agosto, quando terei notícias, mais histórias e, espero, alguns desenhos =)

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Pequeno manifesto por um mundo sem #hashtags

A primeira vez que eu tive contato com as divisões taxonômicas em biologia eu pensei no trabalho hercúleo que aquilo era. Sem falar no aspecto arbitrário que algumas coisas pareciam ter quando a coisa transcendia reino, filo, classe etc e chegava nos finalmente: bicho com nome de jogador de baseball, de popstar, de matemático até!! (mentirinha hihi =) Me lembrava também de um trecho do livro "cem anos de solidão", onde as pessoas de uma cidade começam a esquecer o nome das coisas ( não me lembro se, além do nome, também esqueciam a funcionalidade delas): à partir daí as vacas tinham um nome escrito nelas, a campainha, a janela, as panelas etc... e por aí vai. Vendo mais de longe eu resumiria a situação como: as coisas perdiam o significado por si mesmas e tinham, pois, que ser explicadas. 

Recentemente as pessoas começaram a colocar oque se chamam "hashtags" nas coisas.. como se eu escrevesse 

Adoro este blog e o rapaz que o escreve é muito fofinho
#blogs, # gentebonita, #matematicobrasileirofofinho 

Ou poderia também mudar pra
Adoro este blog e o rapaz que o escreve é muito fofinho#blogs, #falsidade, #textoridiculo

Ou seja... o mundo passa a ser menos arbitrário. E não que eu goste de arbitrariedade!!! Muito pelo contrário!!! Logo eu que... whatever hahaha =P Acho boa a idéia de catalogar algumas coisas, palavras, conteúdos, fotos ( como no caso das manifestações recentes no Brasil) mas vir a usar isso em frases? Ow gente... que é isso... cadê o "livre arbítrio"?! hahaha Quem é que vai me impedir de interpretar textos alheios sem que a pessoa que escreveu me apurrinhe com hashtags dizendo oque eu deveria pensar?

Pronto, falei tudo!!! 

[Espero que vcs amados leitores consigam ainda dormir em paz depois dessas palavras tão contundentes!! =P ]

#manifesto, #verborragia, #hashtag, #=), #gostodeusarhastagsmasminhafamilianaosabe, #meseguraquevouusarumahashtag, #caldinhodefeijaocomcouvemineirasóR$7.89, #matemáticosmarcovaldos


quinta-feira, 27 de junho de 2013

Good vibrations


Durante o trio de Beethoven.
De quando em vez você se perde em seus próprios afazeres e esquece do prazer que existe em outras coisas. Nessas horas os amigos salvam a gente: hoje fui resgatado da minha masmorra por um amigo pianista que me convidou para ouví-lo tocar com outros amigos brasileiros só por diversão: 
"-leitura à primeira vista"

me disse ele ( i.e., ler a peça e tocá-la na hora, sem prévio estudo). 




Fui e, por quase duas horas, fui agraciado com trios de Beethoven, Mendelssohn, Piazzolla etc. O melhor foi poder fazer oque eu acho o melhor de tudo: ouvir música deitado no chão (é... foi um concerto praticamente privado, no qual eu pode até ma dar ao luxo de subir ao palco, ouvir a música estirado no chão do teatro etc).

Poder ouvir a música é ótimo, mas poder sentir o chão vibrando, e você vibrando com os instrumentos, com o cello, com os graves do piano....caramba, isso é incrível. Será que é apócrifa a história de que Beethoven serrou as pernas do seu piano pra que esse, mais próximo do chão, fizesse com que o chão vibrasse mais intensamente e o compositor sentir melhor a "música" ( que ele, já surdo,  só ouvia dentro de si)? Não sei... só sei que saí de lá muito bem =)





[O desenho ficou meio estranho por vários motivos]
[..e veja bem que isso não é desculpa!!]
[Desenhei deitado, a caneta era normal, a folha era o verso da minha agenda de tarefas ( nota-se os rabiscos da folha de trás) e por aí vai]





[Essa foi uma das que eles tocaram]


[Adendum:  é interessante talvez ir um pouco mais a fundo no que eu pensei/divaguei... com o advento da tecnologia a nossa idéia de que a música começa depois que a gente aperta o "play" é um tanto enganosa. As pequenas e poucas imperfeições, as discussões quanto a se aquilo era um quarteto ou realmente um trio, ou trecho difíceis de serem lidos de primeira- " Inferno!!!" ( exclamou um dos músicos uma hora) valeram o concerto por me trazerem essa natureza da arte que se perde com a determinação de padrões estéticos de apresentação ao público. Pensando em termos matemáticos, eu vejo quanta matemática existe, a quantos "dead ends" se chega, antes de se ter um artigo pronto-polido-saido-do-forno. A ciência, enquanto arte, está tanto no produto final quanto no caminho que se percorreu para que este seja obtido. O mesmo vale quanto à música, acredito... ipsis literis.]

terça-feira, 25 de junho de 2013

Democracia


Não sei ao certo como se deu a história toda: estava na sétima série e meu grupo - eu e mais dois colegas- devería procurar sobre o conceito "democracia" no dicionário e tecer comentários sobre como e se as definições lá encontradas concordavam de alguma maneira com o a forma como eram empregadas. 

Chegamos na sala, e lemos a definição que havíamos encontrado:

[vou fingir aqui que era a do Wikipedia, por que não tenho dicionário de português aqui]


"Democracia ("demo+kratos") é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos — forma mais usual. Uma democracia pode existir num sistema presidencialistaparlamentarista, monárquico constitucional e republicano.As Democracias podem ser divididas em diferentes tipos, baseado em um número de distinções. A distinção mais importante acontece entredemocracia direta (algumas vezes chamada "democracia pura"), quando o povo expressa a sua vontade por voto direto em cada assunto particular, e a democracia representativa (algumas vezes chamada "democracia indireta"), quando o povo expressa sua vontade por meio da eleição de representantes que tomam decisões em nome daqueles que os elegeram."

e concluímos que sim: o Brasil era um exemplo de  democracia.

O professor olhou pra nossa cara - estarrecidíssimo - e perguntou ( nítidamente puto), certificando-se do que acabara de ouvir: 

"-Como? "

Demorei mais uns dois anos pra entender aquela reação e o discurso que ele fez na sequência. 




Em tempos como os de agora, em que o Brasil anda buscando "algo", deixo uma música de cunho político e que fala da surdez dos governantes e daqueles que tomam conta do poder (acho que o contexto em que foi feita era o de uma guerra: Vietnã, Iraque, não sei). É uma versão da qual gosto muito e que, embora não seja minha favorita , talvez seja do agrado do público jovem-ma non-troppo que visita o site.

[A idéia desse show foi muito boa:]
[ os caras gravaram um monte de músicas com intrumentos de brinquedo...]


domingo, 9 de junho de 2013

Pac-(m)anibales


Cannibalism (from Caníbales, the Spanish name for the Carib people, a West Indies tribe formerly well known for their practice of cannibalism): the act or practice of eating the flesh or internal organs of other beings of same kind. It is also called anthropophagy. A being who practices cannibalism is called a cannibal. 






[An extremely rare picture of a small pac-man that was eaten by another pac-man]

quinta-feira, 6 de junho de 2013

The dancing/yawning dust




[Encontrei esse pedaço de linha dançante enquanto limpava a casa branca...]
[Claro, algumas pessoas também podem ver isso como um pouco de poeira se espreguiçando]

=)