"Since I had nowhere permanent to stay, I had no interest whatever in keeping treasures, and since I was empty-handed, I had no fear of being robbed on the way" [Matsuo Bashô , The records of a travel-worn Satchel]
domingo, 24 de julho de 2022
Terra Brasilis: "falar menos, ouvir mais"
domingo, 10 de julho de 2022
Terra Brasilis : para brincar na gangorra... dois
Sabe quando você não quer que o dia acabe? Que a companhia de uma pessoa é tão, tão gostosa que não se sabe como dar tchau, que é um embaraço admitir que um encontro tem que ter fim?
Acho que tive isso poucas vezes na vida. Mas com a mesma pessoa... acho que foi a primeira vez.
O primeiro date, dois desconhecidos, o beijo aos 48 do segundo tempo, atordoados pela pressa de que no dia seguinte eu iria embora pro Japão. Dessa vez... um roteiro tão parecido... eu me contendo, esperando um sinal claro de quando ir, de quando agir, o mesmo desejo-química, dessa vez com um pouco de susto da minha parte (por não esperar por ele)... o mesmo beijo, ainda que diferente... o mesmo toque, ainda que mais quente.. o mesmo sorriso, ainda que debaixo de lágrimas... o mesmo carinho, ainda que debaixo de toneladas de reticência... o mesmo cuidado, ainda que tolhido pelo medo de se doar ou de doer...
["doar" e "doer"... duas palavras tão próximas e tão diferentes ao mesmo tempo]
A paciência, regendo tudo como uma maestrina que nos diz em que direção deveremos ir, onde deveremos ficar, onde olhar, pelo que esperar... é difícil ter paciência diante do que parece indiferença, ou do que parece impaciência, ou motivos irreais para se enredar em discussões onde estas simplesmente não existem... me lembra muito os finais de relacionamento pelo qual passei, onde as palavras descuidadas parecem querer acelerar a decomposição daquilo que ainda não entrou em metástase... sou carinhoso, mas ainda assim me recolho em dor quando percebo que meus pés não tocam mais o chão, e que estou no alto, esperando o outro lado me trazer de volta ao chão e não me deixar falando sozinho... "para brincar na gangorra, dois"... lembro da Marisa Monte cantando... ainda assim, sigo tentando.. há coisas na vida que valem á pena, e eu sei que o medo nos cega, nos molda e nos aflige...
... só sei que vai levar um tempo... "can't stop laughing" ao longo do caminho ... vai ver é isso que estou precisando agora...
[Curioso como o contato físico muda o cenário das coisas... e de uma semana pra outra tudo muda...]
[...esse kintsugi mágico-cicatrizador, que só pitadas de tocar e sorrir conseguem catalisar]