"Since I had nowhere permanent to stay, I had no interest whatever in keeping treasures, and since I was empty-handed, I had no fear of being robbed on the way" [Matsuo Bashô , The records of a travel-worn Satchel]
quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
domingo, 28 de janeiro de 2018
Direto da Terra do Sol Nascente, #18: "a impossível arte de ser não sendo (parte I)"
Uma das coisas que mais pega aqui no Japão e da qual já devo ter falado antes é a falta de referências: realmente, não há muito aqui que me faz lembrar do que era morar na América ou na Europa. É tudo muito, muito diferente. Assim, distante do ocidente, saí em buscas de rememorar minha vida antes de chegar a esse pôrto: todas às terças feiras comecei a sair com um grupo de europeus e outros pra comer pizza. E olhe bem que nem gosto tanto assim de pizza... mas tudo bem.
Logo na primeira semana que fui conheci um casal de espanhóis, muito engraçados e simpáticos. Nas semanas seguintes lá fui e.. nada deles. Pergunto pros outros, que me respondem
"-não sabemos por que eles não têm vindo... só os conhecemos daqui".
Achei estranho... o grupo é realmente pela pizza, não pelas pessoas. Superficialidade? Pensei um pouco mas relevei... não soube dizer... mas tudo bem.
Há algumas semanas saí de novo com o grupo pra um jantar de final de ano. Conversa vai conversa vem, um europeu (francês) faz uma piada racista. Mas ....
...fiquei puto, o sangue subiu. Não aguentei a indignação. Não achei legal e descasquei o sujeito. Disse desacreditar que um cara que tinha estudado tanto como ele poderia disseminar/reproduzir idéias daquelas. Um cara que teve tudo, todas as oportunidades do mundo pra buscar ser quem ele era, falando uma merda daquela.
Não!
E isso foi bom pra mim. Ter ouvido isso, ter vivido isso foi bom. Por que percebi que não há como, não há meios de me encontrar aqui se continuar fazendo oque não quero, ou andando com gente que nada tem a ver comigo. Não, não é com relações superficiais que vou alimentar minha alma do calor que me faz falta. E não é comendo pizza e engolindo sapos que vou ficar bem.
Foi um "wake-uṕ": encontre-se, ouça-se: só assim você vai saber em que direção ir e seguir. E isso não tem só a ver com amigos: tem a ver com trabalho, com amor, com onde morar e muito, muito mais. Antes ser um passarinho sozinho a enfrentar as intempéries do tempo do que voar entre urubus.
Aguarde-me, 2018.
sábado, 20 de janeiro de 2018
Rafaello K.
Ontem fui ao médico. Meus olhos, avermelhados, davam sinal de conjuntivite. Entro no hospital, ninguém me entende. Até que ouço "Yasumi" (dia de descanço) e vi que ali não haverá médico pra mim. Como sempre, as pessoas tentam ajudar: uma senhora sai do seu posto pra me levar num outro hospital, numa quadra logo ali.
E lá vamos nós!
Chego, lêem a carta que a secretária da empresa escreveu, explicando meu estado. "Esse hospital não é aqui". Com muita boa vontade, a enfermeira deixa seu posto e me leva pro outro hospital. Andamos algumas quadras até que...
Você já deve ter imaginado: chegamos no primeiro hospital (que estava fechado em dia de descanço).
Volto no segundo hospital. Assino coisas, preencho nomes "Romaji, OK?" (caracteres romanos). Sim, OK. Aí sigo por uma séries de coisas e pessoas ininteligíveis, ninguém me entendendo, até chegar num médico que não fala uma palavra que entendo.
E se eu entrar ali pra me curarem os olhos e me operarem de uma apendicite que não tenho?
Me desespero. Oque será que essas pessoas estão dizendo e fazendo?
Nada faz sentido. "Chotto mate, kudasai"... me pedem pra aguardar.... devem estar a preparar a sala pra me operarem de hérnia, ou desobstruirem minha aorta não obstruída (que eu saiba :).
"-Monteiro-san", diz uma enfermeira de voz bem fina.
Ainda sem entender, me entregam um papel com sinais e símbolos em japonês. "Prescription?".... Ninguém me entende. "Ok, Ok"... primeiro homem na lua, pago com moeda que trouxe da Terra. Me pedem pra aguardar de novo... e a mesma enfermeira que me levou ao primeiro hospital pede para seguí-la para fora do hospital... "será que vão me levar pra coréia do norte? Ou vender meus órgãos?"
Entramos num prédio... uma farmácia. Antes que as cortinas se fechassem, tudo começou a fazer sentido.
[Esse dia me lembrou muito de um livro do Kafka, "O processo" (The trial)]
[Nele, um cara chamado Joseph K. está sendo processado, só que ele não sabe o por que]
[Aí o livro inteiro é isso, as pessoas o abordando pra falar da gravidade do caso dele e ele sem saber do que se trata]
[Ontem eu senti um pouquinho do que o Kafka queria passar... acho que nunca tinha entendido muito bem aquele livro até então rsrs foi no mínimo interessante]
terça-feira, 9 de janeiro de 2018
Direto da Terra do Sol Nascente, #16: o mundo em 7 minutos
[Castelo de Osaka]
[Muito difícil desenhar nuvens rsrs por mais que elas sejam quase nada]
[Muito difícil desenhar nuvens rsrs por mais que elas sejam quase nada]
[Tōdai-ji temple, Nara]
[Estava muito frio]
[Estabeleci o desafio de desenhar tudo oque fosse possivel em 5 minutos]
[...que depois se estenderam a 7 :) ]
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