segunda-feira, 29 de junho de 2015

Nowhere to go

Eu sempre penso quando viajo: faltam lugares para se sentar, para descansar, comer uma fruita, ler um livro. Você só consegue se pagar por isso: sentando num café, numa starbucks desse mundo etc. Esse é um "problema" bem claro nos EUA: ñ há para onde ir se vc ñ tiver para onde ir (parece uma redundância, mas no fundo ñ é); a cidade ñ te oferece caminhos ou algo que te mantenha nela. Bem dizem que a máxima do capitalismo neoliberal se dá pela atrofia do espaço público e aumento extensivo do espaço privado. Mesmo onde moro nos EUA, uma cidade de pouco mais de 100 mil pessoas, eu sinto isso: vejo os mesmo moradores de rua de sempre pra cima e pra baixo, matando tempo no café do supermercado, na praça... mas no fundo ñ há muito pra onde irem. Me senti "vítima" disso em algumas viagens; em São Francisco, por exemplo. E veja: isso é diferente de ñ se ter oque fazer (só pra frizar)!!! 

Estou em Paris/frança agora. Incrivelmente, sinto bem pouco isso que descrevi acima. Os parisienses parecem se apoderar da cidade no verão: saem às ruas e as tomam com cores, roupas coloridas, pedalando, cantando e fazendo picnics nas beiras dos rios, farofando nos parques (eles são muito bons nisso!) etc 

Ñ me lembro muito como é no Brasil... tenho sempre onde ir, quem visitar... mas dessa ultima vez tentei me limpar dessa história toda que tenho com o lugar pra tentar sentir isso... ñ acho q consegui... o Brasil ainda é uma incógnita pra mim. 

[embora esse parágrafo pareça contrariar a distinção q eu quis frizar no parágrafo anterior a ele, ainda mantenho minha opinião de q são coisas distintas]

Mas enfim... vou parar de ficar em divagações sem como nem por que ou onde é ir descansar: hora de dormir, mesmo que o sol por aqui esteja caindo por volta das 23hs somente. O ultimo apague a luz. 

domingo, 21 de junho de 2015

For (almost) good

Quando o tempo de viajar de novo chega me vem aquela sensação mais intensa de responsabilidade... dois motivos: um, viajo sem deixar nada pra trás e dois, sou responsável por mim mesmo em todas as instâncias da viagem; o encarregado de lembrar do band-aid, do formulário I745GJ e de fazer reservas. Pra constar, envio um email pra família no Brasil com o meu itinerário (ao menos, se ser alguma merda alguém faz idéia de onde estou). Viajo preocupado pensando se deixei alguém avisado sobre o gato que ñ tenho, alguém com a missão de regar as plantas que ñ tenho, bilhetes colados pelas paredes da sala pra quando uma mulher linda q ñ existe aparecer em casa de surpresa eqto viajo, todas as contas pagas (isso de fato tive q fazer) etc etc 

Meu gato ñ morrerá  de fome, minhas plantas ñ secarão e, apesar de ñ ter deixado tais bilhetes, ñ haveria por que o fazer. Verifico a mala mais uma vez pra ver se ali tudo está.... 4:19am... hora de sair de casa.

(Próximo post, possivelmente da França :)

domingo, 14 de junho de 2015

Lágrimas negras

Alguns aspectos de lecionar ainda me são desconhecidos, enquanto com outros eu venho tecendo contato aos poucos. Como ontem, quando uma aluna passou na minha sala para ver seu exame e começou a chorar como uma criança por conta da nota que tirou. Admito que na hora eu não soube muito bem o que fazer... consolar? Abraçar? Não... como professor não dá pra ser assim tão paternal. Corri e peguei um lenço de papel pra ela... e fiquei assistindo, dizendo que nada estava perdido, dizendo o quanto estava disposto a ajudá-la a "recuperar" a nota.

Por incrível que pareça, a cena foi bonita: ela estava cheia de maquiagem, e as lágrimas começaram a correr negras pelo rosto. O rosto bem arredondao, parecia uma estátua.  Me lembrou de uma música do Otto



"Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento...." de fato.