quinta-feira, 29 de abril de 2010

Onde vive a fraqueza, onde dorme a miséria

A fraqueza vive nos osssos... mais particularmente, nestes que estão no meio das nossas costas. Tanto é verdade que pessoas sem costas nem existem, o que é o maior sinal de que elas não sofrem com essas frivolidades humanas.

A miséria, por sua parte, mora na alma. Alma aqui não no sentido bíblico, religioso, seja lá o que for:  ela vive na nossa consciência, estoura as cordas do nosso violão, rouba a nossa comida e ainda bate no nosso cachorro quando a gente não está em casa.

A miséria acalenta nossos sentimentos mais duros com os outros, nossas palavras mais ásperas com os mais novos, nossos sentimentos mais hostis em relação aos mais velhos... não sei por que entardeci (momento da siesta ) com isso tudo à cabeça; talvez seja a lembrança daquele discurso final do chaplin no grande ditador. Acho que ele é uma das poucas vezes em que vi um belo discurso, que não se desfez em coisas pequenas, em frases feitas.

De frases feitas já bastam meus posts..o mundo está (de saco) cheio disso rsrs

Vou contextualizar para aqueles que não viram o filme (mas façam este favor a si mesmos: corram para alugá-lo ou comprá-lo, é um filme incrível, mto simples, mas mto profundo).... o chaplin vive dois papéis no filme: um é o do ditador Hinkel (?), que odeia judeus; outro, o de um barbeiro desmemoriado. No final, o barbeiro, que é judeu, é confundido com o ditador e toma o poder. Chega então a hora dele fazer um discurso na pele do Hinkel, que é a cena abaixo.






O que mais me dói é saber que essas fraquezas são frutos que uma geração planta, dá pra seguinte comer e ainda deixa as sementes para que nada daquilo mude... um destilado que passou pelos nossos pais, pelos nossos professores.. e ingerido a duras penas por aqueles que algum dia nos ensinararm algo, por aqueles que em algum momento passaram pelas nossas vidas.

Até quando vamos continuar sendo assim [frase vaga] , contaminando os filhos que ainda não temos, sofrendo da mesma maneira, levando adiante um mundo com o qual não concordamos muito, ou mesmo nem um pouco?


"Nota: encontrei a maior parte deste post perdido no meio dos meus rascunhos... nem me lembro quando o escrevi mas achei curioso, pq meu estado de espírito já nem corresponde mais à tanta indignação "

domingo, 25 de abril de 2010

...e por fim

Tá... foi injustiça minha dizer o que foi dito no post anterior: meu brownie saiu bom que só,  to terminando um dos livros q qria ler- e tenho outros em vista- e a sociedade..bem, esta continua bruta, acompanhando vidrada seus telejornais vespertinos que só falam de mazelas, mazelas e mazelas ao redor do mundo.

Antes não sabia o que fazer, algo que agora me é claro: vou entrar em erupção... atrapalhar  o trânsito à minha volta, interrditar meu espaço aéreo com dois érres, cuspir lavas e soprar cinzas nos olhos dos outros...depois me enrolo numa lona velha de caminhão e saio pelo mundo tocando tamborim.... e de vez em quando um banjo


[pazes e fim]

=)

Ultimamente...

Ok ok...vcs já perceberam... que eu tenho só postado  vídeos  e coisas similares. igualmente pré-fabricadas...mas isso só aconteve pq eu ando sem ter como elaborar meus textos e idéias: meus livros eu mal tenho tempo de terminar....meus brownies queimam, minha máquina de lavar queima (valeu James!! Semana que vem estarei na sua casa de novo pra lavar roupas!!! =)... o mundo totalmente desfavorável nos dias ímpares, a sociedade completamente rude e bruta nos dias pares. Que que eu faço?!!


[desabafo]

Vou lá.. tentar ler um bukowski

Os alunos de matemática aplicada estudam análise numérica

Olá,

me lembrei hoje de um vídeo que ficu conhecido entre os alunos da matemática aplicada da minha época, lá no IME-USP. Trata-se de um trabalho que um então aluno de lá (que estava fazendo cinema na faap acho) fez - o "Lôn "...ao menos assim que se pronunciava. Ficou muito legal,  eu gostaria de mostrar pra vcs.

Pra sorte de todos, eu não apareço =P



É engraçado ver que só havia uma mulher na sala além da professora rsrsrs e que tem uns caras muito figuras, como o lendário Phalkon...qqr dia mostro mais um vídeo dele (talvez deixe nos comentários o link); um cara realmente talentoso, com um puta talento pra dramaturgia

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Desenhos e música erudita (parte 3?)

Finalmente!!!

Acho até que tinha falado à respeito, mas só pude encontrar agora: um trecho do filme bicicletas de belleville, em que toca uma missa de Mozart ao fundo, a missa em dó (menor, se não me falha a memória)

O contexto da cena: a senhora do filme sabe que o neto foi sequestrado e que está dentro do navio. Aí ela tenta seguir o navio de algum jeito... o resto dá pra sacar pelo vídeo.

Esse trecho da música, onde o coro fica dizendo insistentemente "Kyrie eleison" -senhor, tende piedade- tem uma coisa muito curiosa: esse movimento das vozes se adequa muito bem à cena, com o movimento das ondas ocasionadas pela tormenta; além disso tbm tem a ver com a luta das almas que se debatem no purgatório e tentam subir uma sobre as outras para poder sair de lá, alcançando assim a luz. Mozart é muito visual algumas vezes... não sei se isso é por conta da música, ou se a impressão deixada pelo filme do Bergmann (ele filmou a peça de mozart "a flauta mágica", oque resultou num filme lindo)

=| 

[seriedade]

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Diariamente ( ou "Fuga para Acapulco e sorteio" )

Olá pessoas felizes,

bem...felizes  pero no mucho, que todo mundo parece que andar jururu por estes dias. Por conta disso eu vou sortear uma passagem de ônibus pra Acapulco. Acho que isso vai deixar os caríssimos leitores mais alegres. =) Ok ok, vcs realmente ficariam alegres se fosse naquele estilo raspadinha, daquelas que vem dentro  de um saquinho de salgadinhos e coisas do tipo..mas aí já é demais, só a viagem por si só já basta por alguns anos de terapia, considerarei muito mal agradecidos aqueles que me criticarem por um prêmio tão simplório

Bem, para a alegria de todos,
e para que amanhã vcs amanheçam mais felizes e mais ensolarados,
deixo aqui um vídeo-música que considero mto mto bonito



Espero que vcs gostem

=)

sábado, 17 de abril de 2010

Efemeridades, bolos e formigueiros

Esta semana eu sentei sozinho na cantina ...foi quinta...é, quinta. Sentei e comi dois pedaços de bolo. Sensação mto boa.. fiquei olhando pra mesa branca de fórmica..e vi uma formiga passeando e se deleitando em restos de outros bolos, que outras pessoas algum dia comeram e deixaram por ali. Ela parecia feliz e contente com a refeição que encontrara... eu parei e pensei fortemente que u poderia realmente ter nascido uma formiga: viver só de comer migalhas de bolos, todos os bolos, andar pelas paredes e tetos (sonho de infância rsrs  )


Por sinal, andar no teto me faz lembrar de um videozinho que eu vi há mtos anos



mas voltemos.. eu pensei em como seria minha vida de formiga e no quanto o que eu faço hoje difere dos hábitos cotidianos deste ser tão pequeno e (aparentemente) humilde: trabalho um monte....isso se pudermos chamar estudante bolsista do cnpq de trabalhador; se chamarmos "receber para fazer algo" de trabalho então sim, eu sou um trabalhador =). Eu tbm adoro bolos, como ja mencionei várias vezes aqui... e tem tbm a mágica de andar pelos tetos, entrar em frestas (vejam bem F-R-E-S-T-A-S..com ÉRRE!!! Uma formiga não vai a festas... mas pra ir tbm elas nem precisam de convites - exceto em fábulas rs)

Mas aí me veio a realidade, como um fundo de prato sem bolo (que eu acabara de comer, diga-se de passagem): as formigas não se reproduzem e deixam descendentes férteis. Claro, se reproduzem,mas não as operárias. A menos que eu fosse uma formiga rainha, mas eu não sofro de tais devaneios, me sendo muito muito claro o ponto da pirâmide social a que pertenço.

[Drama]

E, a bem da verdade, minha vida está muito mais pra de operário do que pra de rei...então... eu não teria tempo pr ame preocupar com isso, e nem poderia!

Assim, da mesma forma brusca com que fui tomado por este pensamento, ele se foi sem deixar vestígios - exceto pelo post de agora - já que brevemente eu mudei de idéia. Tudo muito efêmero mas muito profundo..como vcs bem podem reparar rs

=)

terça-feira, 6 de abril de 2010

Úmida manhã (ou "Pros dias de chuva")

Rio de Janeiro. Pela manhã, acordo e descubro que estou ilhado. Tenho internet somente por poucos minutos ao acordar, o suficiente pra descobrir que o resto do mundo está sob as águas também. Da minha janela? Sim, vejo um imenso lago e alguns poucos aventureiros a passar por ele.

Na hora que vi isso tudo eu me lembrei do filminho abaixo. É muito bem feito, dotado de um certo lirismo. A música também, lembra um pouco Debussy. Muito bonito e interessante, espero que vcs gostem.

=)

La maison in petits Cubes from rovanush on Vimeo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Úmida felicidade

Homem médio, ligeiramente leviano no dia à dia.

Chega em sua casa depois de um árduo dia de trabalho.
Regressa na chuva, pois falta transporte público na provinciana cidade onde mora.

Ele caminha pelas águas, enquanto os carros apressados passam pelo mar que o separa de casa.

Ele sente o cheiro das árvores
Das folhas,
Dos insetos que vivem nas árvores
Das folhas que um dia serviram de telhado pras casas dos insetos.



Ele continua a caminhar.
Pensa no seu trajeto e nos passos úmidos que dá.

Nos amores que teve.
Nos casos que teve.
...e nos amores que tem: os casos não correspondidos, as mulheres que vivem em casulos, os filhos pra quem dar de comer, o parco sálario.

Seu pé está encharcado.
Ele pisa mais fundo e parece que seus dedos afundam, atravessando a sola de seu sapato

Ele pensa em chegar em casa.

A felicidade é um pedaço de bolo de cenoura, com calda de gengibre

sábado, 3 de abril de 2010

Outro incrível dia na vida do homem macroscópico

O homem macroscópico perde a fé na natureza humana mais uma vez.. ele parece desolado. Coça sua cabeça novamente (fazendo aquele barulho horrível, já descrito antes)

Chega um pequeno homem ao seu pé: hesitante, temendo ser esmagado. O pequeno homem parece gritar. O homem macroscópico, primeiramente, aponta sua lupa para ele. Ve que ele tenta falar algo e pede para que ele escreva. Para tanto, rasga um pedaço de papel e joga sobre o pequeno ser (que quase morre esmagado, não fosse um poste o salvar daquele peso todo).

O homem pega um pedaço de tijolo e caminha rapidamente sobre o papel. Então,  escreve:

"...faça um pneumotórax!!!"


O homem macroscópico olha para o nada por alguns segundos.
Ele parece estar pensando.
Profundamente

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Mais um incrível dia na vida do homem macroscópico

O homem macroscópico acorda no meio da cidade. Abre os olhos com calma e se senta: sua cabeça desponta no meio dos prédios, o sol da manhã aflige seus olhos. Ele  tenta proteger o rosto com a mão esquerda...até que se levanta. Se vê enorme: mãos enormes, pés enormes.... O mundo lá embaixo pequeno... mas ele ignora tudo. Todos os pequenos detalhes são irrelevantes diante da sua macroscópica existência.

Ele anda...

[paaa....][estrondoso]
[tuuuummmm][estrondoso]
[barulhos de sirenes e de automóveis][intensidade média]
[barulhos de pessoas gritando][intensidade média]


... e segue pelas grandes vias da cidade, amassando prédio com o seu andar ressonante e bonachão, apavorando os moradores do Rio de Janeiro. Centenas de turistas tiram fotos dele com suas canon-kodaks-fujis de dentro do bondinho, mas isso somente enquanto estes ainda funcionam, pois a simples espreguiçada que o homem macroscópico acabou de dar (de maneira exaltada) faz com que os cabos de segurança se rompam, e todos os turistas são jogados contra o Pão de Açúcar na maior velocidade que se possa imaginar

Ele segue, atrás de algo... pelo que já sabemos, um objeto que não se encontra no seu bolso, pois ele acabou de tateá-lo vigorosamente agorinha. O homem macroscópico olha ao seu redor, coça a cabeça (o barulho é horrível: as pessoas gritam e tentar tampar os seus ouvidos; os poodles que passeiam com seus donos na praia urram de dor, tendo seus tímpanos estourados quase que imediatamente).

Mas esperem... esperem!!! Parece que ele encontrou algo!!!

Ele se ajoelha, cuidadosamente (i.e., destuindo menos habitações do que até agora fez)... estica seus dedos por debaixo de uma ponte... e alcança uma lupa. Ele comemora, fazendo uma espécie de dança (um tanto exótica, diga-se de passagem).... e segue seu caminho em direção ao norte (não sem antes molhar os pés no mar para se refrescar do calor).